Título: Software agiliza ação da Polícia Federal
Autor: Ottoboni,Júlio
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2008, Nacional, p. A6

São José dos Campos (SP), 18 de Novembro de 2008 - Será lançado hoje, no Ministério da Justiça, em Brasília, um novo sistema de apoio ao Departamento de Polícia Federal (DPF) no controle e fiscalização de produtos químicos. Denominado Sistema de Controle de Produtos Químicos (Siproquim), o software que interligará todas as unidades da Polícia Federal foi desenvolvido pela Atech Tecnologias Críticas, empresa do pólo aeroespacial brasileiro.

A Atech desenvolveu esse sistema de combate ao tráfico de drogas baseado em seu conhecimento na área de defesa aeroespacial, pois é a responsável pelos softwares de gerenciamento do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O Siproquim opera em fase de testes desde fevereiro e a partir deste mês passará a integrar toda a rede da Polícia Federal. Até o momento cerca de 20 mil empresas químicas estão sendo monitoradas pelo sistema .

Para o delegado da Polícia Federal e chefe do Setor de Investigação de Desvios de Produtos Químicos, Rodrigo Avelar, esse novo software é uma poderosa ferramenta de investigação no combate à produção de drogas ilícitas. "Trata-se de um sistema que inserido numa moderna metodologia de trabalho irá potencializar as ações policiais", disse Avelar.Segundo dados do Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (UNODC), o consumo de cocaína no Brasil cresceu mais de 30% entre 2002 e 2007, o que representou, em média, o índice de 6% ao ano. Enquanto que na maior parte dos países os índices de consumo estão estabilizados, no Brasil não param de crescer. Em 80% das nações já foi diagnosticado o consumo da droga.

O Brasil é o segundo maior mercado de cocaína em todo continente americano. As estatísticas apontam para 870 mil usuários e só perde para os Estados Unidos, que tem por volta de 6 milhões de consumidores. O consumo anual da droga aumentou de 0,4% em 2001 para 0,7% em 2005. O maior contingente de consumidores está no Sudeste e Sul do País.

O consumo mundial de cocaína estimado pela ONU é de 600 toneladas por ano. Esse mercado movimenta cerca de US$ 80 bilhões. Cerca de 100 toneladas de cocaína pronta para consumo atravessam as fronteiras nacionais anualmente, sendo que metade deste volume fica no País para consumo interno. O tráfico de drogas movimenta US$ 5 bilhões/ano no Brasil, que agora também faz parte dos países refinadores da droga numa grande rede de laboratórios clandestinos.

A Atech, que desenvolveu e implantou o sistema, será a responsável pela transferência da tecnologia para a equipe da Polícia Federal. "Essa é uma solução desenvolvida no Brasil para a Polícia Federal com o apoio do UNODC", explica o gestor de projetos da empresa, Carlos Fidalgo.

O sistema desenvolvido pela Atech possui 16 módulos que auxiliam a atividade da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal. Esse setor faz o monitoramento das substâncias que podem ser usadas na fabricação de drogas e ainda gerencia toda a cadeia produtiva de componentes químicos, desde fabricantes, transportadoras e empresas comerciais etc.

A PF se utiliza destas informações para promover o cruzamento de dados e identificar indícios de irregularidades. A partir de agora todas as empresas que atuam no setor químico serão obrigadas a se cadastrarem no sistema. A tendência é que outros países vizinhos venham a adotar o mesmo sistema, criando uma imensa rede regional de monitoramento de produtos químicos com potencial de uso na fabricação de drogas.

"Por meio de acordos internacionais, o Siproquim poderá compartilhar informações sobre a movimentação dos produtos químicos, auxiliando desta forma o combate ao tráfico de drogas também nesses países ", explicou o gerente comercial da Atech, Fernando Antonialli, lembrando que de acordo com a Lei n 10.357 de 2001, produtos químicos passíveis de utilização na produção de cocaína têm que ser controlados e fiscalizados. As informações obtidas serão cruzadas, tratadas e apresentadas em gráficos, o que possibilitará aos agentes federais criar ações para coibir o desvio de produtos para fins ilícitos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Júlio Ottoboni)