Título: Fornecedores de cana do NE querem preço mínimo
Autor: Ramos,Etiene
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2008, Agronegócio, p. B11

Recife, 18 de Novembro de 2008 - Os fornecedores de cana-de-açúcar do Nordeste discutiram ontem em Maceió, Alagoas, as dificuldades que estão tendo para moer a safra 2008/09 sem contar com a garantia de um preço mínimo para a tonelada. Há mais de seis meses eles aguardam a definição do governo federal sobre a extensão do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) à cultura da cana-de-açúcar como já é garantido aos produtores de café e de soja. Mesmo depois do pleito ser aprovado pelo Ministério da Agricultura e a Advocacia Geral da União (AGU), ainda dependem da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Em 2007, a Conab calculou o custo de produção em R$ 42 por tonelada, mas este ano, o preço já gira em torno de R$ 50, enquanto o valor pago pelo mercado é de R$ 36 - seria ainda menor sem o aumento do dólar porque o preço do açúcar caiu no mercado internacional. "O caos está para se instalar entre os fornecedores do Nordeste", teme o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão. Segundo ele, com no máximo R$ 200 milhões, o governo federal atenderia aos cerca de 40 mil produtores de cana da região, a grande maioria pequenos, que deverão produzir 20 milhões de toneladas de cana na safra 2008/2009. "Com esse valor daria para acrescentar algo como R$ 10 ao preço atual, por tonelada, e isso daria uma folga ao segmento que gera 40 mil empregos diretos no Nordeste", afirma.

O pleito por essa verba de emergência - que viria com a liberação do Pepro - será discutido amanhã, na Superintendência do Banco do Brasil, no Recife, entre os fornecedores, usineiros e o diretor de Agronegócio do Ministério da Agricultura, Manoel Bertoni, além de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e da Fazenda. O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha, que também participará da reunião, defende a inclusão dos fornecedores de cana no Pepro a fim de assegurar a matéria-prima para as usinas. "Precisamos ter um fornecimento de cana confiável e o preço mínimo concorre para isso. Ele permite o acesso dos fornecedores ao crédito dos bancos, à saída da informalidade e viabiliza o crescimento de uma classe média rural que precisa continuar integrada na cadeia da cana no Nordeste", afirma Cunha, acreditando numa solução até o final do ano.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Etiene Ramos)