Título: Promotor pede cassação de Anderson Adauto
Autor: Tavares, Bruno ; Godoy,Marcelo
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2008, Nacional, p. A6

Ex-ministro de Lula e prefeito reeleito de Uberaba estaria ligado a fraudes em contrato de R$ 16 milhões com empresa citada na Operação Parasitas

Bruno Tavares e Marcelo Godoy

O Ministério Público de Minas Gerais pediu ontem à Justiça a perda das funções públicas e a suspensão dos direitos políticos do prefeito reeleito de Uberaba, Anderson Adauto Pereira (PMDB), ex-ministro dos Transportes no governo Lula. Ele é o primeiro administrador implicado no escândalo da máfia dos parasitas - suposto esquema de fraude em licitações de hospitais da rede pública desarticulado na semana passada pela Polícia Civil de São Paulo. Em 2006, Adauto foi um dos 40 denunciados no esquema do mensalão.

O pedido é resultado de um inquérito civil aberto no ano passado pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Uberaba. Além do prefeito, o Ministério Público mineiro solicitou também o afastamento do atual secretário de Governo, João Franco Filho, e da funcionária pública Vera Lúcia Silva Abdalla, vinculados à Secretaria de Saúde do município. Franco Filho era o secretário da Saúde na época da assinatura do contrato sob suspeita.

CÉLULA

O promotor José Carlos Fernandes Júnior aponta irregularidades em um contrato de R$ 16 milhões para a gestão da saúde da cidade, dos quais a empresa Home Care Medical recebeu R$ 5,7 milhões - o contrato teve seu cumprimento suspenso pela Justiça em setembro do ano passado, impedindo que a empresa recebesse os outros R$ 10 milhões. A Home Care é apontada pela Unidade de Inteligência do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) como centro da célula da organização criminosa que cuidava dos contratos com as prefeituras. As provas e os indícios colhidos até agora pelos investigadores paulistas serão remetidos ainda nesta semana para o Ministério Público mineiro.

Na semana passada, a Operação Parasitas levou à prisão cinco acusados de compor o ¿núcleo empresarial¿ da suposta organização, entre eles os empresários Renato Pereira Júnior e Marcos Agostinho Paioli Cardoso, donos da Home Care. O Estado procurou ontem o advogado César Guimarães, que defende a Home Care e seus sócios, mas não conseguiu encontrá-lo. Na semana passada, Guimarães disse que a empresa é idônea, nunca havia sido condenada e teve seus contratos aprovados pelos Tribunais de Contas.

OUTRO LADO

A Prefeitura de Uberaba informou que ¿a rescisão contratual com a Home Care não se deu em virtude de irregularidades, mas por divergência de entendimento¿. O Executivo diz ainda ter acatado todas as determinações da Justiça, ¿tendo promovido a assunção dos serviços em 2007¿.