Título: Lula critica países ricos e afina cooperação com a Indonésia
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2008, Nacional, p. A6
Brasília, 19 de Novembro de 2008 - A visita do presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, a Brasília, criou um cenário propício para o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, "puxar as orelhas" dos países ricos e lhes atribuir responsabilidades na busca de soluções para a crise financeira internacional. "A crise não está nos países pobres, está nos países ricos, ou seja, está no G8. Se eles quiserem ajudar os países pobres, não precisa gastar muito dinheiro, é só recuperar as suas economias", disse Lula, logo após almoço com o visitante.
Segundo Lula, cabe ao G20 tomar decisões que evitem que a recessão se alastre pelo mundo, incluindo o reordenamento de uma "arquitetura financeira internacional falida. Não podemos sacrificar os êxitos que tivemos na luta contra a pobreza e a desigualdade"..
Lula disse que, em seis anos na Presidência, nunca tinha participado de uma reunião multilateral tão importante quanto à do G20 que ocorreu no último final de semana em Washington, pois nessa reunião houve o consenso de que não vale mais apenas "a lógica internacional a partir da política econômica" e que é "importante uma regulação que obrigue o sistema financeiro a investir os recursos no setor produtivo". Houve espaço até para uma antiga reivindicação brasileira: o de uma cadeira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). "A renovação das Nações Unidas e de seu Conselho de Segurança é o primeiro passo para construirmos o verdadeiro multilateralismo", disse Lula.
Sem referir-se diretamente à estratégia de fortalecimento das relações do Brasil com outros países do Hemisfério Sul (eixo Sul-Sul), Lula afirmou que "a aliança entre os dois países (Brasil e Indonésia) será o indutor de aproximação e cooperação entre regiões que começam a conhecer-se".
No encontro bilateral, estabeleceu-se que os ministros de Relações Exteriores dos dois países vão se reunir pelo menos uma vez ao ano. A vinda do presidente indonésio ao Brasil é uma retribuição à visita que Lula fez a Jacarta, em julho.
Foram assinados vários documentos que prometem a intensificação de atividades entre os dois países, incluindo memorando de entendimento sobre cooperação no campo da agricultura, memorando de entendimento sobre cooperação em energia e mineração e sobre erradicação da pobreza.
Um dos destaques foi a decisão de reforçar a ação conjunta na área de biocombustíveis. O Brasil deve ajudar a Indonésia a produzir álcool, compromisso firmado na visita de Lula a Jacarta. Hoje o presidente da Indonésia estará em São Paulo, visitando usina de álcool e a fábrica da Embraer.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ayr Aliski)