Título: Hospital isola bebês com KPC
Autor: Borba, Julia
Fonte: Correio Braziliense, 13/03/2011, Brasil, p. 8/9

Recém-nascidos estão internados em uma área reservada na UTI neonatal do Hras

Uma nova suspeita de contaminação pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase, conhecida por KPC, fez o Hospital Regional da Asa Sul (Hras) isolar duas crianças e redobrar o cuidado em outras 11. Um dos recém-nascidos teve a infecção confirmada e outro está colonizado, mas não desenvolveu a doença. Desde o último dia 5, a direção do hospital proibiu a visitação das crianças por parentes e amigos. Só os pais podem entrar na UTI neonatal. A Secretaria de Saúde não considera que o quadro indique a possibilidade de um novo surto, no entanto, pais e funcionários estão preocupados.

O primeiro caso confirmado da bactéria é de um bebê que foi transferido de outro hospital já com a doença. O segundo começou com a infecção da própria mãe da criança. Ela foi internada em estado grave. Além de ter a KPC, ela está com tumor cerebral. A criança nasceu prematura, com 28 semanas de gestação. Pelo contato, a bactéria colonizou o filho, mas a doença ainda não se desenvolveu. Como a situação é delicada, as duas foram separadas das demais e recebem atenção especial.

Uma funcionária, que não quis se identificar, no entanto, contou que os demais servidores não sabiam da situação. Por isso, o bebê foi posto ao lado dos demais. Com isso, todas elas passam por exames rotineiros para detectar a bactéria, que é capaz de anular medicamentos como a penicilina. Enquanto isso, elas continuam compartilhando o espaço.

Ainda de acordo com a funcionária do hospital, a falta de luvas, gaze, medicamentos e, principalmente, de pessoal faz com que os demais pacientes também corram o risco de contaminação. ¿Tinham prometido contratar 45 novos funcionários no ano passado, mas até hoje só chamaram 15. Os novatos entraram em 23 de novembro e de lá para cá não houve nenhuma outra mudança no quadro¿, conta.

Desabastecimento O subsecretário de Assistência à Saúde, Ivan Castelli, desconhece que os materiais estejam em falta. ¿É importante ressaltar que nós encontramos a secretaria desabastecida. É possível que falte uma ou outra coisa, pontualmente. Mas estamos fazendo licitações para regularizar essa situação. Mas nada disso pode facilitar a infecção por KPC¿, defende.

Enquanto isso, os pais dos bebês internados temem falar com a imprensa e sofrer retaliações, como receber menos atenção dos funcionários. Eles alegam que têm sido bem tratados e que percebem a vontade de médicos e enfermeiras em cuidar das crianças. Mesmo assim, continuam preocupados. ¿O problema não são os funcionários mas, sim, a falta deles. Não tem nenhuma estrutura, a equipe é pequena e não se tem disponível o que é mais básico: produtos de higiene. A gente sente que eles estão empenhados em tratar bem os bebês e minimizar os riscos, mas as luvas para procedimento, por exemplo, acabaram. Estão usando as cirúrgicas. Se essas acabarem, o hospital todo vai enfrentar uma situação muito difícil¿, diz um deles.

Cabral passa por endoscopia O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, passou a noite de sexta-feira no hospital Samaritano, em Botafogo, após sentir dores abdominais. Cabral passou por um exame de endoscopia e foi liberado ontem. Apesar de ter deixado o hospital, o governador decidiu ficar em casa descansando em vez de participar do Desfile das Campeãs do carnaval, ontem à noite no Sambódromo.