Título: Tarifa ao etanol na UE não entra na discussão
Autor: Batista,Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/11/2008, Agornegócio, p. B11
São Paulo, 20 de Novembro de 2008 - O Brasil espera para o próximo mês definições na política que vai direcionar o uso de energias renováveis nos 27 países da União Européia (UE). O comissário da UE para Energia, Andris Piebalgs, esteve ontem em reunião na União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) e disse que a proposta, que deve ser votada no próximo mês entre os países membros do bloco, prevê que, até 2020, 20% da energia consumida na Europa serão provenientes de fontes renováveis, sendo que, desse total, 10% devem ser do setor de transportes. A taxa que o etanol brasileiro hoje paga para entrar no bloco - de 19 centavos de euro por litro, o equivalente a 40% do valor do produto - ainda não entrou na discussão. "Falar em política de mudança de tarifa é complicado. O que estamos fazendo agora é estabelecendo critérios de sustentabilidade na produção, que vão servir tanto para os nossos produtores como para os países dos quais importaremos os biocombustíveis", disse Piebalgs.
Nas metas para o setor de transporte - que são as que mais interessam o Brasil - o comissário esclareceu que poderá ser atendida tanto por biocombustíveis como por outras fontes renováveis, como energia elétrica a partir de biomassa. "Acredito que a maior parte virá de biocombustíveis", acrescenta Piebalgs, que afirmou não ter projeções no momento do volume demandado de biocombustíveis até 2020 e nem da parcela que pode ser atendida por importações. Atualmente 2,6% da energia usada no setor de transportes europeu vêm dessa fonte.
Piebalgs lembrou que o consumo de combustíveis renováveis pela UE se deve à necessidade de reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. "Por isso, a sustentabilidade do que vai ser produzido e importado é fundamental". Ele afirma acreditar que o governo do Brasil terá condições de fiscalizar a produção brasileira de biocombustíveis para garantir sua sustentabilidade.
Marcos Jank, presidente da Unica, diz que a entidade é favorável às diretrizes construídas pela UE até o momento. Primeiro porque considera razoável a proposta de substituição obrigatória mínima de 10% e, segundo, porque haverá fixação de limites de sustentabilidade, o que evita criação de exigências diferentes entre os países membros. As exportações de etanol brasileiro para a UE até outubro foram de 1,6 bilhão de litros, o que representa crescimento de 60% em relação ao volume embarcado em todo o ano passado.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Fabiana Batista)