Título: Indústria adia planos de investimentos
Autor: Stecanella,Vanessa
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/11/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 21 de Novembro de 2008 - Redução nas vendas, suspensão dos planos de investimentos e escassez de crédito para capital de giro são os principais impactos da crise financeira internacional sobre as empresas brasileiras, segundo a pesquisa Consulta Empresarial divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, 88% dos empresários entrevistados disseram que a crise afeta os seus negócios. Entre as empresas atingidas, 57% reduziram as projeções de vendas para 2009. A queda na demanda foi apontada como o principal efeito da crise, seguida pelo aumento dos preços dos insumos e dos equipamentos importados.

Diante da expectativa de queda nas vendas, os empresários estão adequando seus planos de investimentos, observa o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "As empresas brasileiras já se sentem afetadas pela crise e estão revendo as expectativas para 2009", completa o economista.

A consulta mostra que 57% das empresas entrevistadas cancelaram ou adiaram por tempo indeterminado os investimentos previstos para o próximo ano. "Entre as empresas que não adiaram por tempo indeterminado ou cancelaram seus planos de investimento, 49% mantiveram os planos, mas com cronograma mais longo que o previsto; 31% adiaram os investimentos para 2009 e 19% para data posterior. Apenas 2% mantiveram o cronograma tal como previsto", ressalta o relatório.

A pesquisa revela, ainda, que 61% das empresas consultadas enfrentam dificuldades para obter crédito de curto prazo. Dessas, 49% afirmaram que o financiamento para capital de giro, desconto de duplicata e outras é a modalidade mais afetada. Para a maioria das empresas, o principal obstáculo do acesso ao crédito é o aumento dos custos, seguido pela falta de recursos e pela redução dos prazos de pagamento.

Na avaliação das empresas, as medidas adotadas pelo governo para melhorar as condições de financiamento tiveram resultados modestos. Para 52% dos entrevistados, as medidas são efetivas, mas com resultados moderados. "Para um terço, não estão surtindo efeito algum", diz a Consulta Empresarial. Os empresários apontam a ampliação do prazo de pagamento dos impostos, a facilitação do acesso às linhas de crédito oficial, o aumento de recursos para linhas oficiais de financiamento como medidas indispensáveis para a superação da crise.

Além disso, 49% dos empresários acreditam que a crise será superada no próximo ano e outros 40% esperam uma melhora no cenário a partir de 2010. Segundo Castelo Branco, a superação da crise dependerá do cenário internacional e do desempenho das economias dos países desenvolvidos. Ele lembra que, no Brasil, a demanda interna continua forte, impulsionada pelo aumento do emprego e da renda. Com isso, os efeitos da recessão externa sobre a economia brasileira serão menos intensos do que em outros países.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Vanessa Stecanella/InvestNews)