Título: BNDES reforça caixa com recursos do Bird
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/11/2008, Nacional, p. A5
Brasília, 21 de Novembro de 2008 - O Banco Mundial (Bird) emprestará R$ 5 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fortalecer o caixa do banco de fomento, considerado insuficiente para atender à demanda do setor privado. A informação foi dada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, os recursos serão emprestados à União, que os repassará ao BNDES. A taxa de juros deve ser equivalente à Libor (taxa interbancária do mercado de Londres) mais 1%, custo considerado baixo pelo ministro.
Mantega disse que os valores irão socorrer principalmente atividades ligadas à exportação, setor que enfrenta dificuldade de obter crédito no sistema financeiro, cujas fontes secaram com o agravamento da crise mundial.
A linha de crédito do Bird já estava em negociação e foi autorizada por um adendo inserido no texto da Medida Provisória que prevê a renegociação da dívida do setor privado, que chega a R$ 1,316 trilhão. A MP será encaminhada hoje ao Congresso Nacional pelo Ministério da Fazenda e deve constar do Diário Oficial da União que circula hoje.
Liberação de compulsório
Segundo o ministro, "essa é uma maneira para o BNDES conseguir recursos de forma mais ágil". Ele disse, porém, que os valores ainda não foram repassados. Mantega lembrou ainda que o Banco Central (BC) anunciará em breve uma nova liberação de compulsórios no sistema financeiro no valor de R$ 7,5 bilhões para empréstimos, através de Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), ao banco de fomento, confirmando o que havia dito o presidente da instituição, Luciano Coutinho, nesta semana. A necessidade do BNDES, via liberação de CDI, é de R$ 10 bilhões. Desses, R$ 2,5 bilhões já estão garantidos pela Caixa Econômica Federal (CEF). Somando as duas medidas, R$ 15 bilhões poderão ser garantidos, de imediato, ao caixa do banco de fomento.
O secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Nelson Barbosa, não confirmou se esses R$ 15 bilhões seriam para o BNDES fechar o caixa deste ano. Ele apenas disse que parte desses recursos será usada para compor o caixa do banco em 2009, cuja previsão é de empréstimos de R$ 120 bilhões, volume 33% maior do que os R$ 90 bilhões previstos para este ano. "Parte dos R$ 90 bilhões já está equacionada", disse Barbosa. Neste ano, até outubro, o banco já desembolsou R$ 71 bilhões. Nos últimos 12 meses, o montante atinge R$ 86,6 bilhões. O problema é que os projetos aprovados entre outubro de 2007 e outubro de 2008 já somam R$ 119,6 bilhões.
Os dirigentes do BNDES admitem que a demanda em 2009 representa um desafio para o banco em um cenário em que os mercados não oferecerão recursos como seria desejável, por conta da crise mundial. O banco atribui a forte demanda por empréstimos ao aumento da restrição de crédito nos bancos privados. Isso vem elevando a taxa de juros concedida pelo banco de fomento. Para atender a forte demanda, o BNDES afirma que viabilizará recursos através de novos empréstimos do Tesouro Nacional, de instituições multilaterais e oficiais, entre outras fontes. Barbosa não confirmou a versão segundo a qual o BNDES poderia captar recursos do FMI.
Meta para o PIB
Mesmo diante da desaceleração da economia mundial, puxada pela crise, o governo brasileiro trabalha para garantir crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. A meta foi estipulada no Orçamento da União do próximo ano, encaminhado ao Congresso Nacional. A previsão anterior era de crescimento de 4,5%. Para Barbosa, o crescimento de 4% é viável devido à redução dos preços das commodities, da redução mundial da taxa de juros e da adoção de políticas fiscais intensivas em vários países. Além disso, frisa, há a certeza de que governos de vários países adotarão medidas para sustentar o crescimento econômico.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Viviane Monteiro)