Título: BB dá mais um passo na consolidação
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Fonte: Gazeta Mercantil, 21/11/2008, Finanças, p. B1
São Paulo, 21 de Novembro de 2008 - O processo de reorganização do sistema bancário no Brasil, em pleno curso, teve ontem mais um capítulo, com a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (BB) por R$ 7,6 bilhões. O negócio sucedeu outras grandes negociações, como a fusão Itaú-Unibanco, neste mês, e a aquisição pelo espanhol Santander da operação local do ABN Amro Real. O Bradesco, hoje terceiro do ranking por ativos, atrás dos líderes Itaú-Unibanco e BB-Nossa Caixa, não tem se movimentado. "Tecnicamente, os bancos estão sempre abertos a compras e o Bradesco, de fato, não faz nenhuma compra significativa há um bom tempo", avalia Luiz Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating. Este ano, a única aquisição do Bradesco foi a compra da corretora Ágora.
A incorporação da Nossa Caixa deve fazer com que as ações do banco estatal paulista disparem hoje na BM&F Bovespa. Os papéis, que eram cotados a R$ 51,30 no pregão da última quarta-feira, devem se ajustar ao preço de R$ 70,63 que o BB pagará por cada ação da instituição, o que representa um prêmio de 37,68%. Para profissionais de mercado, o preço pago pelo banco estadual foi caro.
O processo de consolidação de bancos de varejo do País em grandes conglomerados financeiros não deve inibir a concorrência no segmento. Ela deverá ser estimulada por alguns motivos. Um deles tem relação direta com a própria consolidação do setor. Como o espaço para adquirir outros bancos ou folhas de pagamento diminui, as instituições terão de buscar outras alternativas para avançar, melhorando a operação. Outro fator é a portabilidade das contas-salário. A partir de janeiro do próximo ano, os funcionários de empresas privadas poderão escolher em que banco receberão seus salários. Em 2012, o mesmo ocorrerá com os funcionários públicos. "Acabou a vida fácil de crescer comprando folhas de pagamento e outros bancos", sentencia o sócio-diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti. "Com a diminuição da maior barreira para mudar de instituição, os bancos terão de ser mais agressivos na manutenção e na busca de novos clientes."
Ver também páginas B3 e B4(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Redação)