Título: Produtor usou recurso para plantar, diz ministro
Autor: Batista,Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/11/2008, Agronegócio, p. B7

São Paulo, 21 de Novembro de 2008 - O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, se mostrou ontem em acordo com a decisão do produtor de usar na lavoura o dinheiro do pagamento de dívida de máquinas agrícolas. "O produtor deixou de pagar esse débito para comprar insumos e plantar. E isso é bom para o País", avalia Stephanes.

A situação, que é decorrente da crise de crédito mundial, segundo o ministro, culminou em inadimplência de cerca de 30% no pagamento de aquisições de máquinas e implementos agrícolas somente com os bancos das fábricas. "Estamos nos empenhando para viabilizar esse refinanciamento. Nos reunimos com os representantes dos bancos das indústrias de máquinas e vamos conversar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esperamos que eles cumpram o acordo", avisa o ministro.

Na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, realizada em São Paulo, o ministro rebateu críticas de que é discriminatória a concessão da linha de crédito de R$ 500 milhões para refinanciamento das parcelas vencidas em 15 de outubro. "Em torno de 75% da inadimplência de equipamentos está na região Centro-Oeste, sendo que metade está em Mato Grosso. No restante do País o atraso é pequeno e está dentro do normal. Dessa forma, o problema está localizado e está sendo tratado de forma localizada", justificou Stephanes.

Ele disse que, por mais que o governo tome decisões, há impedimentos que façam o dinheiro chegar às mãos dos produtores rurais. "Os bancos privados e as tradings, que concediam crédito ao campo, se recolheram porque não querem correr riscos".

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a produção de alguns grãos, como soja, vai recuar por causa da combinação "falta de crédito e elevados custos de produção". O último levantamento da companhia, divulgado em novembro, prevê que a produção da oleaginosa irá recuar até 2,7% na comparação com o ciclo passado. Mas, segundo Stephanes, a morosidade na chegada do crédito, pode fazer esse percentual ficar maior. "No caso da soja no Centro-Oeste, a redução pode ser de 3% ou mais". Ele acredita que a cultura do algodão também precisará de apoio. "O mercado mundial de fibras vai encolher", prevê.

Ele garantiu que o governo usará todos os instrumentos disponíveis da Política de Garantias de Preços Mínimos (PGPM). "Lançaremos mão de todos os recursos disponíveis, tais como os preços mínimos, estoques e incentivo ao escoamento", afirmou.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 7)(Fabiana Batista)