Título: Obama anuncia sua equipe econômica
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Fonte: Gazeta Mercantil, 25/11/2008, Internacional, p. A14

Chicago (EUA), 25 de Novembro de 2008 - Com a crise financeira tornando-se uma questão cada vez mais prioritária para seu futuro mandato, o presidente eleito Barack Obama procurou imprimir sua marca nos esforços para combater as atuais turbulências com a apresentação, ontem, de sua equipe econômica. Foram nomeados Timothy F. Geithner como secretário do Tesouro dos Estados Unidos e Lawrence H. Summers para liderar o Conselho Econômico Nacional da Casa Branca.

Ao escolher nomes com ampla experiência em lidar com crises financeiras - Geithner esteve bastante envolvido ao longo do fim de semana nos esforços para estabilizar o Citigroup - Obama reiterou a sua determinação em assegurar aos investidores norte-americanos e estrangeiros que ele ocuparia de forma agressiva o vácuo de liderança criado em Washington durante o período de transição.

Além disso, com as promessas de que sua equipe econômica começaria a trabalhar "hoje" em recomendações para ajudar famílias da classe média, e os mercados financeiros, o futurou presidente procurou dar a impressão de continuidade e coordenação, de modo que a sua administração já "tocaria o solo correndo".

O presidente eleito também anunciou o nome de Christina D. Romer para chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca e Melody Barnes como diretora do Conselho de Políticas Domésticas. Romer é professora de economia na Universidade da Califórnia e Barnes foi por muito tempo assessora do senador Edward M. Kennedy de Massachusetts.

As mais recentes notícias acerca da economia do país "deixaram ainda mais patente o fato de que estamos atravessando uma crise econômica de proporções históricas", defendeu Obama durante uma coletiva de imprensa. Ele listou, entre os principais problemas, a nova queda na compra de casas novas, as altas taxas de desemprego e a previsão de que no próximo ano mais um milhão de pessoas podem perder seus empregos.

Ao anunciar as indicações de Geithner, presidente do Federal Reserve Bank em Nova York, e Summers, economista de Harvard, Obama enviou um sinal de que estava pronto para perseguir políticas agressivas, embora centristas, ao criar medidas para ajudar a reanimar a economia.

Forte imagem

A coletiva de imprensa televisionada, que veio logo depois que o presidente George W. Bush fez breves observações no Departamento do Tesouro com o secretário Henry M. Paulson, criou uma imagem forte da transmissão de poder que está a caminho em Washington. Obama e sua nova equipe chegaram em uma sala com dúzias de repórteres, enquanto Bush permanecia de pé e quase só nos degraus do Departamento do Tesouro.

Trata-se de uma situação difícil para a América", disse Bush, acrescentando que conversou com Paulson por telefone no domingo enquanto retornava de uma reunião sobre economia no Peru. Disse que manteria Obama e sua equipe informados sobre quaisquer decisões importantes.

Bush falou com Obama ontem sobre o plano de ajuda para o Citigroup. O novo presidente comunicou que também conversou na segunda-feira com Ben S. Bernanke, chairman do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Geithner trabalhou durante o fim de semana no plano para estabilizar o Citigroup. Anteriormente ele esteve muito envolvido na ajuda para o American International Group. Portanto está profundamente familiarizado com a crise que se avoluma - e com os esforços controvertidos até o momento para estancá-la.

Obama disse em várias ocasiões que há "apenas um presidente por vez", mas os aparentes temores dos mercado diante da sombra de uma transição que ocorre de braços cruzados - quando nem o atual presidente nem Obama parecem conduzir com agressividade os esforços de recuperação - forçam o presidente eleito a assumir um papel mais atuante.

"Ao mesmo tempo que não podemos subestimar os desafios que enfrentamos", disse, "não podemos subestimar nossa capacidade de superá-los a fim de evocar aquele espírito de determinação e otimismo que sempre nos definiu, e seguir em frente em uma nova direção para criar novos empregos, reformar nosso sistema financeiro, e alimentar expansão de longo prazo.

Obama disse que não era possível deixar a indústria automobilística "simplesmente desaparecer", mas as companhias não podem receber um "cheque em branco". Também disse estar "surpreso" com o fato de que os CEOs das montadoras não estarem melhor preparados na hora de apresentar propostas de recuperação mais específicas durante a audiência na semana passada no Capitólio.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(The New York Times)