Título: Bolsa pega carona no bom humor global e dispara 9,4%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 25/11/2008, Finanças, p. B2
25 de Novembro de 2008 - Com a volatilidade desta vez jogando a favor, a bolsa aproveitou as boas notícias e o clima de euforia entre os investidores em todo o mundo para engatar uma alta expressiva de 9,40% no pregão desta segunda-feira. O Ibovespa, que ameaçou cair novamente abaixo do patamar de 30 mil pontos na semana passada, encerrou as atividades de ontem a 34.188 pontos.
Os papéis dos bancos - que puxaram a queda da bolsa nas últimas sessões - reagiram ao pacote de salvação do Citigroup, que praticamente eliminou o risco de quebra da instituição. O mercado também comemorou o pacote de estímulo fiscal no Reino Unido, que pode dar impulso à economia. Os sinais de que a atividade global poderá sair do atoleiro deu impulso às ações das produtoras de matérias-primas (commodities). As ações ordinárias (ON) da siderúrgica CSN e da mineradora Vale ficaram entre as principais altas do Ibovespa.
A bolsa iniciou o dia procurando se ajustar à forte alta do índice Dow Jones na sexta-feira, que ocorreu apenas no final do pregão, quando o mercado brasileiro já estava fechado. Os investidores receberam bem o anúncio de quatro integrantes da equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, com destaque para Timothy Geithner, atual presidente do escritório regional do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, para o cargo de secretário do Tesouro.
"Trata-se de uma equipe vencedora e conhecida do mercado, já que os integrantes fizeram parte do governo Clinton", ressalta Fausto Gouveia, sócio da Infra Asset Management.
Com o clima menos nebuloso, alguns investidores aproveitaram para trocar papéis considerados defensivos, como os do setor de energia elétrica, por empresas que haviam ficado baratas.
O destaque negativo ficou por conta de Eletropaulo, cujas ações caíram 2,55% por conta de ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu decisão anterior que havia liberado o pagamento de dividendos aos acionistas. A empresa trava uma disputa jurídica sobre a cobrança da Cofins em serviços de energia elétrica na década de 1990.
Depois de acompanhar várias tentativas frustradas de recuperação do mercado de ações, os especialistas se mostram céticos quanto ao desempenho futuro da bolsa. "Ainda não dá para comemorar, ainda existem muitos problemas a serem resolvidos, como a situação das montadoras norte-americanas", pondera Gouveia. Para Felipe Casotti, economista de renda variável da Maxima Asset, a forte recuperação das ações também tem fatores técnicos. "Não podemos esquecer da forte queda do Ibovespa na semana passada, ou seja, parte da alta ontem é um ajuste do mercado."
A racionalidade da forte alta global das ações ontem, diz Casotti, ainda é algo questionável. "Difícil saber o quanto há de racional neste movimento de forte alta, mas de qualquer forma a Bovespa acompanhou o bom humor das bolsas pelo mundo." Um sinal de que a recuperação pode não se sustentar é o volume negociado na BM&F Bovespa, de apenas R$ 3,6 bilhões. Hoje, uma série de indicadores sobre a economia norte-americana concentra a atenção dos investidores. "Vai ser um dia difícil, com números que podem vir ruins, afetando o bom-humor do último pregão", diz Casotti. Os mais importantes são o PIB dos EUA do terceiro trimestre e o preço das casas em setembro.
Ver também pág. B5
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Vinícius Pinheiro e Jiane Carvalho)