Título: Palocci defende maior superávit primário e Berzoini fala contra
Autor: Mônica Magnavita e Daniel Pereira
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/09/2004, Nacional, p. A-3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, confirmou que o governo está avaliando um aumento do superávit primário. Segundo ele, o crescimento da economia acima do esperado gerou um aumento de receita adicional (de 1,5% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado) que permitirá elevar a meta do superávit a curto prazo sem reduzir o orçamento destinado a investimento. "Os indicadores são todos positivos. A economia vai crescer acima da taxa projetada e a alta dos juros (de 0,25 ponto percentual) não afetará esse ritmo", disse ele.

Palocci compareceu, ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, à cerimônia de premiação das 500 maiores empresas, um levantamento feito pela FGV. "Infra-estrutura é a primeira prioridade do nosso governo", disse José Dirceu.

Ontem, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, afirmou que não é fundamental para o país um aperto fiscal ainda maior e manifestou receio de que, se essa decisão for tomada, a recuperação da economia seja prejudicada. "Não creio que seja decisivo um superávit maior. É preciso combinar a necessidade de crescimento econômico e de geração de emprego com a redução da relação entre dívida pública e PIB", disse Berzoini.

O ministro Palocci lançou na semana passada a proposta de aumento do superávit primário para deter a inflação e evitar novos aumentos na taxa de juros controlada pelo governo. Outros ministros, no entanto, querem que o governo mantenha o projeto anterior que previa injetar recursos na economia em 2005 e enfrentar as pressões inflacionárias pelo lado da expansão da oferta, e não da compressão da demanda. A mesma tese é defendida, entre outros, pelo vice-presidente José Alencar. Mônica Magnavita e Daniel Pereira