Título: Volume exportado recuará pela primeira vez desde 1995
Autor: Salgueiro,Sônia
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/11/2008, Nacional, p. A5
São Paulo, 27 de Novembro de 2008 - A alta de 17,4% das exportações brasileiras em outubro, frente ao mesmo mês de 2007, se deu exclusivamente baseada no preço. Enquanto o índice de preço das exportações cresceu 29,6% em relação a outubro do ano passado, o quantum encolheu 9,3%. No acumulado dos últimos 12 meses, essa tendência fica ainda mais patente. Os preços registram aceleração de 27,4%, enquanto o quantum cai 1,3%. "Tudo indica que vamos fechar o ano com uma variação negativa do quantum, o que não ocorre desde 1995", destaca Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), responsável pelo levantamento estatístico.
Ribeiro lembra que a escalada dos preços ocorreu porque as cotações eram muito baixas em outubro de 2007. "Isso explica porque, no acumulado deste ano, o índice de preço é 29,7% superior ao de idêntico período do ano passado." Já quando se olha o desempenho recente dos preços, a situação é bem outra. Segundo a Funcex, no bimestre setembro-outubro os preços de exportação caíram 4%, sendo que a queda dos produtos básicos foi ainda maior, de 7,4%.
O economista avalia que os preços de exportação continuarão caindo, especialmente no caso das mercadorias básicas, mas acha que o preço continuará impactando positivamente a balança comercial brasileira. "Historicamente eles ainda estão num nível bastante elevado", comenta.
Na ponta da importação, o aumento de 40,3% verificado em outubro sobre o mesmo mês de 2007 foi resultado de uma conjugação de preço 20,9% maior e de quantum 15,9% mais alto. O estudo da Funcex indica que os combustíveis tiveram a maior alta de preço entre as mercadorias importadas no acumulado dos últimos 12 meses. Em termos de quantum, os bens de capital tiveram a melhor performance em outubro e os bens de consumo duráveis, no acumulado do ano e nos últimos 12 meses.
Apesar de os preços de importação continuarem altos na comparação com 2007, eles já não mostram o mesmo vigor. Depois de atingirem seu ápice em julho, eles caem mês a mês. "Embora todo mundo esteja falando que o Brasil perde com a queda de preço das commodities, é preciso levar em consideração que ele ganha do lado da importação", pondera Ribeiro.
Já no que se refere ao quantum, a situação é diversa. Enquanto na exportação o quantum é negativo, na importação ele subiu 22,3% nos últimos 12 meses. "Em termos de quantidade, até o final do ano a importação vai andar mais rápido do que a exportação", prevê o economista-chefe da Funcex.
As oscilações de quantum estão dentro do previsto pela Funcex, mas a queda mais acentuada de preços levou Fernando Ribeiro a rever as projeções da Fundação para a balança comercial brasileira deste ano. Agora ele espera exportações de US$ 202,5 bilhões, contra os US$ 204 bilhões de um mês atrás. A previsão para a importação encolheu US$ 2 bilhões, para US$ 178 bilhões. "Como a queda de preços ocorre dos dois lados, mantivemos o saldo em US$ 24,5 bilhões", esclarece.
Apesar do cenário internacional conturbado, Ribeiro acredita que o País conseguirá fechar 2010 com superávit comercial e acha que ele deve ficar na casa dos US$ 10 bilhões. "No ano que vem, haverá desaceleração de quantum e de preço tanto na importação como na exportação, afastando a perspectiva de déficit", afirma.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Sônia Salgueiro)