Título: Mercado aquecido anima pequenas empresas
Autor: Salgueiro, Sônia
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2008, Nacional, p. A5

São Paulo, 26 de Novembro de 2008 - O pequeno empresário está relativamente otimista quanto aos rumos do País e do seu próprio negócio. Numa escala de 0 a 100 pontos, o recém-lançado Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN) cravou 69,5 pontos. "O pequeno ou médio empresário demora um pouco mais para sentir a crise. Além disso, o mercado estava muito aquecido. Então ele vê informações sobre a crise na tevê, lê no jornal, mas ainda mantêm um certo otimismo", avalia José Luiz Rossi, pesquisador do Ibmec São Paulo, escola de negócios responsável, junto com o Grupo Santander Brasil, pelo lançamento do índice.

Danny Claro, coordenador do Centro de Pesquisas em Estratégia do mesmo Ibmec, considera que, ainda que a conjuntura internacional esteja desfavorável, o resultado não chega a surpreender. "Era de se esperar um certo otimismo, afinal o 13 está aí e ele naturalmente movimenta o mercado" , comenta.

Um dado detectado é a mudança de humor dos entrevistados, que pode ser relacionada ao agravamento da crise financeira internacional. Como as consultas ocorreram entre 8 de setembro e 10 de outubro, nota-se uma queda do índice de confiança na fase final da coleta de dados. Segundo Rossi, na última semana o índice de confiança foi levemente superior a 66 pontos, quando nas semanas anteriores ele superava os 70 pontos.

O IC-PMN mostra que o pequeno empresário está mais confiante no seu negócio (74,1 pontos) do que no desempenho do seu segmento de mercado (71,7) ou da economia em geral (65,5). Além disso, Ibmec São Paulo e Santander constataram que o índice de confiança do empresário do comércio é mais baixo (68,5) que o do empresário de serviços e do industrial, cada qual exibindo um índice de 70,8.

Na segmentação por região, o Nordeste surge como a região mais otimista do Brasil, com 74,7 pontos, em contraposição ao Sudeste (68,4) e ao Sul (69,5), que apresentaram os índices mais baixos de confiança. "Acho que o fato de o consumo ter crescido mais no Nordeste do que em outras regiões colaborou para isso", avalia José Luiz Rossi.

O novo índice será divulgado trimestralmente. Durante a enquete, o empresário consultado falará sobre sua expectativa para os três meses seguintes em seis quesitos: ritmo da economia, desempenho do seu setor de atividade, seu próprio faturamento, a lucratividade de sua empresa, perspectivas quanto ao acréscimo ou dispensa de pessoas que trabalham na companhia e investimentos em infra-estrutura, máquinas e equipamentos. Em 2009 o calendário prevê a divulgação do IC-PMN em março,

junho, setembro e dezembro. "Com o índice, seremos capazes de antecipar o movimento dos pequenos e médios negócios no Brasil", afirma Danny Claro.

Ede Viani, superintendente executivo de Pessoa Jurídica do Varejo do Grupo Santander, conta que o banco sempre quis desenvolver um índice para o segmento. "Por se tratar de um setor representativo da base da economia, à medida que os índices trimestrais forem surgindo, eles serão importantes para a tomada de decisão no banco, no meio acadêmico e no mercado em geral."

Rossi, do Ibmec, lembra que, apesar da força do segmento - que é responsável por 95% das empresas formais do País e por 67% dos postos de trabalho, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) -, sempre faltaram dados a seu respeito.

Para chegar ao índice, nessa primeira rodada o Ibmec São Paulo ouviu 1.023 empresários, donos de empresas com faturamento de até R$ 20 milhões. O ponto de partida foi uma listagem do Sebrae com 1,2 milhão de pequenas empresas, que, filtrada, caiu para 600 mil nomes, posteriormente segmentados por região e área de atividade.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Sônia Salgueiro)