Título: Clima afetará PIB e migrações no Nordeste em 2050, aponta estudo
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2008, Nacional, p. A6

São Paulo, 26 de Novembro de 2008 - As mudanças climáticas podem impactar negativamente em 11,4% o Produto Interno Bruto (PIB) da região Nordeste (NE) do Brasil, até o ano de 2050. O cenário mais grave, previsto pela Organização das Nações Unidas (ONU), projeta aumento de 4 graus Celsius na temperatura média do NE até 2070, o que provocará um "choque climático" na economia da região, afetando principalmente as populações e os regimes produtivos mais dependentes de água e terras cultiváveis.

Estas são algumas das conclusões do estudo Migrações e Saúde: Cenários para o Nordeste brasileiro, 2000-2050, produzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Fundação Oswaldo Cruz, que deverá ser apresentado hoje em Fortaleza (CE), na 1 Conferência Regional Sobre Mudanças Climáticas e Implicações para o Nordeste. Um dos objetivos do estudo é identificar como o novo clima poderá influenciar a economia e o movimento migratório das populações nordestinas, a partir de uma escala temporal que vai até 2050, considerando cenários de alta e baixa emissão de carbono. A intenção é auxiliar formuladores de políticas públicas na elaboração de ações que diminuam o impacto negativo do clima na região.

Como os choques climáticos afetam diretamente a disponibilidade de terras para a agricultura, o setor agrícola é o que terá sua rentabilidade mais atingida nas próximas décadas. De acordo com o estudo, o Ceará é o estado que deverá observar, no acumulado até 2050, a maior redução, de 79,6%, em sua área de terras agricultáveis, seguido por Piauí (- 70,1%), Paraíba (- 66,6%) e Pernambuco (- 64,9%). Entretanto, Alisson Barbieri, coordenador da pesquisa, destaca que ao mesmo tempo em que haverá redução de área cultivável em algumas regiões, as mudanças climáticas vão propiciar o cultivo de determinados produtos agrícolas em regiões em que antes o plantio não era possível. A partir de 2040, será viável cultivar "café de alta qualidade no Sul do País, o que hoje é impossível devido a geadas e outros fatores climáticos", exemplifica o pesquisador.(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Bruno De Vizia)