Título: BC libera compulsório para fortalecer caixa do BNDES
Autor: Monteiro, Viviane ; Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/11/2008, Finanças, p. B1

Brasília, 26 de Novembro de 2008 - O Banco Central (BC) anunciou ontem uma nova liberação de compulsórios para o sistema financeiro no valor de R$ 6,2 bilhões, abatidos sobre depósitos a prazo, para compor o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os valores fazem parte dos R$ 10 bilhões anunciados recentemente pelo presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho. Desse total, o BNDES informou que R$ 4 bilhões já haviam sido negociados com a Caixa Econômica Federal (CEF), faltava esse novo aporte.

Para todas as aplicações serão aceitos apenas DI (depósitos interfinanceiros) com prazo de 6 a 18 meses. E serão consideradas somente operações realizadas até 31 de dezembro de 2008. "Até lá as instituições terão um incentivo a realizar ou renovar operações por prazos mais longos", segundo nota do BC.

Segundo a autoridade monetária, os limites estipulados servem para evitar distorções nas operações de liquidez no curto prazo e para tornar aplicações compatíveis com as operações de crédito feitas por instituições financeiras. E ressalva que "os recursos das aplicações que vençam após a publicação da circular (ontem) voltarão a ser depositados em espécie e sem re-muneração no BC, no vencimento". O valor de dedução é limitado a 70% do total de compulsório sobre depósitos a prazo a ser recolhido. E a instituição compradora pode destinar até 20% do limite abatido para aquisição de operações de uma determinada instituição financeira.

Essa linha, segundo informou ontem o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, terá custos maiores para o BNDES que podem ser repassados aos tomadores de empréstimo. "Ela será feita a custo de mercado", disse, Augustin, que não descartou a hipótese de novos aportes do Tesouro Nacional para o BNDES.

Augustin disse ainda que o grosso dos empréstimos do Banco Mundial (Bird) de US$ 2 bilhões (R$ 5 bilhões) chegará ao caixa do BNDES no primeiro semestre de 2009.

Os dados apresentados ontem pelo BC mostram os primeiros efeitos das medidas de liberação dos compulsórios como estratégia do governo para dar maior liquidez ao mercado. O recolhimento obrigatório em títulos dos depósitos a prazo caiu de R$ 60,5 bilhões, em setembro; para R$ 39,1 bilhões, em outubro. O recolhimento em espécie dos depósitos à vista caiu de R$ 55,9 bilhões, em setembro; para R$ 51,6 bilhões, em outubro, pela mudança de alíquota de 45% para 42%.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Viviane Monteiro e Ayr Aliski)