Título: Fundos verdes reformulam portfólio e vendem Petrobras
Autor: Luíza,Maria
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/11/2008, Finanças, p. B1

São Paulo, 28 de Novembro de 2008 - Os fundos de investimento que aplicam em ações de empresas com práticas de sustentabilidade devem se desfazer dos papéis da Petrobras a partir de segunda-feira. Com a mudança da carteira teórica do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&F Bovespa, válida a partir do dia 1º de dezembro, as gestoras que administram esses fundos precisam reformatar as carteiras e desfazer posições na petrolífera, excluída do índice.

Conforme dados da Anbid, são 29 fundos focados em ações de sustentabilidade e governança corporativa, que totalizavam ao final de outubro um patrimônio líquido de R$ 1,06 bilhão. Os papéis da Petrobras representam atualmente 23% da carteira teórica do ISE. Somente a Bradesco Asset Management administra cinco produtos do tipo. "Seguimos exatamente o que o estatuto dos fundos define, que é o investimento na carteira do ISE. E, a partir de segunda-feira, a Petrobras estará fora na nossa carteira", diz Herculano Alves, superintendente executivo de renda variável do Bradesco, sobre os fundos sustentáveis, cujo patrimônio é cerca de R$ 40 milhões. A única flexibilidade permitida é a inclusão de ações preferenciais e ordinárias de uma mesma empresa, mesmo que só uma esteja na carteira do ISE.

A gestora do HSBC também informou que vai se adequar rigorosamente a qualquer mudança no ISE, já que seu fundo só pode investir em empresas que fazem parte do índice. Na Caixa Econômica Federal, é hora de o único fundo sustentável comprar os papéis da TIM e do Unibanco, que ingressaram no índice, diz Marcelo de Jesus, gerente nacional de fundos de renda variável. "Com a nova carteira teórica, 27% do patrimônio líquido será substituído, com uma concentração de quase 50% em ações de bancos", afirma o profissional.

A concentração em bancos não agrada os gestores, mas muitas empresas não participaram do processo de seleção do ISE, já que não responderam ao questionário enviado pela bolsa. Por isso, gestoras como a ABN Amro Real e o Itaú tomam o índice como referência, mas complementam o processo com um questionário próprio.

O Itaú administra oito fundos de ações sustentáveis, sendo um fundo guarda-chuva, que mantêm patrimônio líquido de R$ 240 milhões. Marco Antonio Carregari, gestor de renda variável, explica que o fundo mãe tem um conselho consultivo para a definir a carteira de ações, proposta pelos gestores da asset. "No caso da Petrobras, vamos dar nosso parecer ao conselho, no dia 4 de dezembro, que vai definir se o papel será mantido ou não na carteira", afirma.

Os papéis da petrolífera respondem por cerca de 20% dos R$ 240 milhões de patrimônio. Carregari prefere não antecipar a recomendação para não criar qualquer saia-justa - afinal, fazem parte do conselho representantes da petrolífera e também alguns órgãos que colocaram a objeção da estatal no ISE. Outras empresas excluídas do índice, como Aracruz, Copel e Weg, já não compunham a carteira, mas a CCR Rodovias terá proposta de manutenção do investimento.

No Real, a carteira não acompanha necessariamente o ISE, mesmo porque o fundo foi criado antes do índice, em 2001. A maior posição da gestora é na Vale do Rio Doce e, com patrimônio de R$ 280 milhões, já não possuía ações da Petrobras, pela avaliação de que o preço do petróleo se manteria em queda. "Nossa avaliação é sustentável e financeira", justifica Pedro Villani, gestor de renda variável. "Temos Weg e CCR, que achamos excelentes expoentes de sustentabilidade." No caso da Weg, a ação foi excluída porque a empresa não respondeu ao questionário da bolsa.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Maria Luíza Filgueiras)