Título: Gerdau revisa investimento, ArcelorMittal promove cortes
Autor: Collet, Luciana
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/11/2008, Indústria, p. C2

São Paulo, 28 de Novembro de 2008 - A crise mundial e os impactos na siderurgia têm feito as empresas do setor intensificarem as ações para se prevenirem de perdas futuras. Depois de anunciarem a redução temporária da produção, agora começam a postergar investimentos e cortar postos de trabalho.

Ontem, a imprensa argentina informou que a Gerdau está adiando a construção de uma nova siderúrgica no país, com capacidade de produzir 1,1 milhão de toneladas de aço e derivados a partir 2016. O projeto, de US$ 524 milhões, foi anunciado em setembro. O início das obras estava previsto para novembro. A companhia de origem gaúcha informou que mantém a intenção de realizar o projeto, "em razão das incertezas econômicas do período, entretanto, a empresa está revisando o cronograma de implantação de seus investimentos para os próximos anos, inclusive a construção da nova usina na Argentina", declarou. A usina está prevista para ser instalada em Perez, na província de Santa Fé, a cerca de 5 quilômetros de uma usina da subsidiária Sipar Gerdau.

Por ocasião da divulgação do resultado do terceiro trimestre, o presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, afirmou que a direção da empresa estava revendo as prioridades de investimentos. Em comunicado enviado ontem, a empresa informou que "o cronograma de investimentos será analisado e ajustado de acordo com a nova realidade dos mercados. Informações adicionais serão disponibilizadas assim que for finalizada a revisão dos cronogramas de implantação dos investimentos".

ArcelorMittal demite

A ArcelorMittal anunciou ontem um plano de demissão voluntária que tem como objetivo diminuir os gastos em torno de US$ 1 bilhão, tendo em vista a crise financeira. A companhia espera cortar nove mil empregos, o que corresponde a 3% da força de trabalho do grupo. Segundo o comunicado enviado pelo grupo, as demissões atingirão inicialmente os setores não-produtivos como vendas, administração e serviços gerais.

Segundo a subsidiária do grupo no País, a companhia estuda um plano de desligamento voluntário associado a um plano de antecipação de aposentadoria, que poderia ser implementado no primeiro trimestre do ano que vem.

Além disso, a área de aços longos da companhia vai dar férias coletivas para 1,1 mil funcionários. Somente na unidade de Juiz de Fora (MG) concederá férias coletivas para 65% dos seus 1.100 empregados a partir de 10 de dezembro. A retomada das operações da unidade está prevista para 2 de janeiro. Na unidade de Monlevade (MG), paralisa em novembro e dezembro, os dois laminadores de fio-máquina, em períodos alternados. Isso deixará funcionários em casa entre 25 de novembro e 31 de dezembro. São 390 empregados nas duas áreas.

A ArcelorMittal Cariacica, no Espirito Santo, concede férias coletivas em novembro e dezembro, alcançando 80% dos 440 empregados da unidade. A primeira turma saiu de férias no dia 13 de novembro e a segunda turma sairá no dia 1º de dezembro, com previsão de retorno no dia 2 de janeiro. Em Piracicaba (SP), a companhia realizará uma parada temporária da produção em dezembro, informou a empresa.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Luciana Collet - com Reuters)