Título: Capital sob gestão soma US$ 26,6 bi
Autor: Linhares,Rubens
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2008, Finanças, p. B3

São Paulo, 1 de Dezembro de 2008 - Há uma indústria no Brasil que pode sair mais forte da turbulência econômica provocada pela crise global de liquidez. As organizações gestoras de fundos de private equity e venture capital, tema da revista GazetaInveste, que circula com a edição de hoje da Gazeta Mercantil, acumularam US$ 26,6 bilhões desde 1999 em capital comprometido de investidores nacionais e estrangeiros. Quase 60% desse total já foi utilizado para a compra de participações em empresas. Mas há cerca de US$ 10 bilhões já garantidos para serem aplicados em companhias nacionais e, com isso, aquecer a economia real.

Os números são resultado de uma extensa pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas (GVcepe), que mapeou a existência de 142 organizações gestoras, das quais 127 divulgaram informações e 121 permitiram a publicação de seus dados e perfis. O estudo, publicado com exclusividade pela GazetaInveste, é um profundo retrato de uma indústria que só cresce nos últimos dez anos. O capital comprometido registrou evolução de 50% ao ano a partir de 2004 e hoje representa 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, ante 0,6% verificado em 2004. Esse desempenho, no entanto, ainda está longe da participação em relação ao PIB dos Estados Unidos, de 3,7%.

"Trata-se do mais abrangente e preciso estudo sobre o desempenho dessa indústria nos últimos três anos. Sua contribuição é a formação de capital e inovação nos mais diferentes setores da atividade econômica no Brasil", afirma o professor Cláudio Furtado, responsável pela direção-executiva da pesquisa, feita em parceria com o Instituto Endeavor.

A pesquisa mostra ainda quais são os principais gestores de private equity e venture capital. Líder no ranking, o GP Investments possuía, em 30 de junho passado, US$ 2,74 bilhões em capital comprometido, ou 10,3% do total, seguido por Angra Partners (7,4%) e UBS Pactual (6,5%).

Os investimentos de private equity e venture se diferenciam de outros pelo fato de injetarem recursos diretamente no capital produtivo, por meio da compra de participação societária de pequenas e até grandes empresas, que recebem, além de aporte financeiro, impacto de qualidade em suas gestões, através da atuação em conselhos administrativos e de implementação de governança corporativa. Há exemplos de companhias que, depois da entrada de um fundo, conseguiram quintuplicar seu faturamento e internacionalizar seus produtos.

Um diferencial dessa indústria é que, quando a gestora adquire participação na empresa, já define o prazo e a forma em que sairá da companhia. Em média, a organização permanece de cinco a sete anos na empresa, período em que faz sua rentabilidade crescer para que o momento de saída seja lucrativo para todos os envolvidos.

O levantamento aponta que 71% dos gestores pretendem levantar um novo fundo nos próximos três anos e estimam uma captação de US$ 20,9 bilhões.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Rubens Linhares)