Título: Missão do Brasil vai à China em busca de mercado para suínos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 01/12/2008, Agronegócio, p. B13
São Paulo, 1 de Dezembro de 2008 - Uma missão do governo brasileiro chega hoje à China para, finalmente, assinar protocolo sanitário de importação de carne suína, primeiro passo para abrir o mercado chinês ao produto brasileiro. A visita é resultado da vistoria feita em outubro por técnicos chineses nas instalações de produção e abate de suínos do Brasil. "A abertura concreta desse mercado depende de eles aceitarem nossas garantias de sanidade, cujas condições são muito superiores às deles. Em outubro assinamos o protocolo inicial e agora vamos ratificá-lo", diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz.
A exportação de carne suína para a China é uma pretensão antiga dos produtores brasileiros. Atualmente, sabe-se que os chineses já compram do Brasil, mas ainda de forma indireta, via Hong Kong, explica Rubens Valentini, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). "O governo brasileiro até agora não tinha estabelecido acordo sanitário com esse país", lamenta. Não se sabe exatamente o potencial de importação chinesa, mesmo porque as estatísticas do país são controversas. Mas, sabe-se que, como tudo na China, o consumo de carne suína é gigante, assim como a produção. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), a produção de carne suína será neste ano de 44,6 milhões de toneladas, o que representará crescimento de 4% em relação ao ano anterior. Para 2009, o Usda prevê expansão para 46 milhões de toneladas.
Com isso, a expectativa de importação reduz-se. Os 480 mil toneladas previstos para este ano pelo órgão americano devem ser retraídos para 360 mil em 2009. "A China, de fato, está recuperando a produção doméstica, depois de um sério problema sanitário que levou à mortalidade de 3 milhões de animais. Está reduzindo importação dos Estados Unidos e do Canadá. Mas o potencial de o Brasil vender volumes importantes é grande, sobretudo porque o rebanho lá tem condições sanitárias ruins", avalia Valentini.
Mas ele pondera que não é possível dizer, a partir desta visita, que agora o mercado chinês se abrirá. "Não é fácil afirmar isso, apesar de os trâmites terem avançado. Além dessa questão sanitária, há também a discussão comercial", pondera.
Valentini explica que é difícil medir o potencial de importação de carne suína brasileira pela China. "Pelo tamanho da suinocultura chinesa, 1% significa quase 500 mil toneladas. Não existe hoje no mundo esse volume pronto para embarcar". Qualquer 100 mil toneladas para o Brasil já representam muito, segundo Valentini. "Já são suficientes para alavancar o crescimento do rebanho e do abate brasileiros. Sem contar do impacto que causaria na elevação dos preços internos", avalia.
Enquanto a China produz na casa dos 40 milhões de toneladas de carne suína, no Brasil essa produção, em 2006, estava em 2,9 milhões de toneladas, de acordo com estatísticas da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína.
Rússia, Ucrânia e Hong Kong são os principais destinos da carne suína brasileira. O aumento da produção da China - que importa do Brasil indiretamente via Hong Kong - , pode ter contribuído para que, entre janeiro e outubro deste ano, os embarques em volumes tenham recuado 3,9%, de 388 mil toneladas para 369 mil toneladas. O que manteve a balança positiva até agora foi o incremento no preço que elevou a receita em 37%, de US$ 954 milhões para US$ 1,3 bilhão, superando os US$ 1,2 bilhão de todo o ano de 2007.
Além de China, a missão comercial do governo - que também é formada por empresários - também inclui Cingapura e Hong Kong segue até 5 de dezembro.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 13)(Fabiana Batista)