Título: BNDES destina R$10 bi para giro e exportação
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Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2008, Brasil, p. A6

Rio de Janeiro, 2 de Dezembro de 2008 - Os R$ 10 bilhões disponibilizados pelo governo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para enfrentar a escassez de crédito no Brasil serão utilizados para financiar exportações, capital de giro de pequenas e médias empresas e como empréstimo-ponte para companhias nacionais. A informação foi detalhada ontem, no Rio de Janeiro, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Do total de recursos, R$ 6 bilhões serão usados em uma nova linha de crédito para o capital de giro de empresas brasileiras e os outros R$ 4 bilhões irão para empréstimos-ponte e linhas de financiamento de pré-embarque.

A nova linha de R$ 6 bilhões tem vigência até junho do ano que vem e o financiamento está voltado para pequenas e médias empresas, uma vez que o limite de empréstimo é de R$ 50 milhões por CNPJ.

Juros de 20,05% ao ano

O empréstimo não pode superar 20% da receita operacional bruta do último exercício fiscal. Os juros cobrados serão de 20,05% ao ano, incluindo o spread do agente financeiro de 4%, informou Coutinho.

"É uma linha de giro substancialmente abaixo da média do mercado, que é de 35% a 40% para linhas de curto prazo", disse o presidente do BNDES.

O prazo de carência é de cinco meses e o limite para amortização do capital de giro será de 13 meses, de acordo com o banco. O dinheiro deve ser liberado em até 15 dias, dependendo do histórico da empresa junto ao banco. "O objetivo dessa linha é que ela tenha rápida liberação. Por ser de giro, não será eficaz se demandar três, quatro meses de análise", afirmou Coutinho.

Na semana passada, o banco de fomento anunciou algumas condições para o empréstimo-ponte. Parte dos recursos está reservada para os vencedores do leilão de linhas de transmissão do Rio Madeira e a concessão de rodovias no País.

"Estamos buscando desenvolver outras iniciativas para ajudar o crédito para pequenas e médias empresas usando ativos do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDC)", acrescentou Coutinho.

O presidente do BNDES, no entanto, não deu detalhes sobre a nova linha para pequenas e médias empresas afetadas pela escassez de recursos com a crise mundial.

O BNDES também minimizou a possibilidade de calote por parte de países da América do Sul. O presidente do banco não acredita que Equador, Paraguai, Venezuela e Bolívia vão deixar de quitar os empréstimos concedidos para a realização de obras nesses países, como cogitado pelo Equador.

"O BNDES tem toda uma fundamentação para mostrar a regularidade do contrato. O banco está muito bem resguardado", avaliou Coutinho.

De acordo com presidente do BNDES, o empréstimo total para esses países soma US$ 3 bilhões - sendo que o saldo devedor seria de R$ 2,5 bilhões.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Reuters)