Título: Obama nomeia Hillary e mantém Gates no Pentágono
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Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2008, Internacional, p. A11

CHICAGO (EUA) e Brasília, 2 de Dezembro de 2008 - O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, indicou ontem a ex-rival de partido, Hillary Clinton, para o cargo de secretária de Estado. Ele anunciou também que Robert Gates continuará como secretário de Defesa, formando parte de uma equipe nacional de segurança encarregada de remodelar a liderança dos EUA nos temas globais.

Hillary e Gates, que no passado já expressaram idéias distintas de Obama sobre a política externa e a defesa nacional, implementarão o programa do futuro presidente de reconstruir a imagem dos EUA no exterior e de administrar duas guerras diferentes, no Iraque e no Afeganistão.

"Eu montei esta equipe porque eu acredito fortemente em personalidades fortes e em opiniões fortes. Eu acho que é dessa forma que as melhores decisões são tomadas", disse Obama em entrevista coletiva em Chicago.

Hillary, que subiu no palanque com Obama, disse que os Estados Unidos precisam confiar em seus amigos para ajudar no combate a ameaças como o aquecimento global e o terrorismo - crítica implícita à estratégia unilateral do atual presidente, George W. Bush.

"Por mais que nós estejamos determinados a defender nossas liberdades a qualquer custo, nós também nos comunicamos com o mundo outra vez, buscando uma causa comum e uma superioridade maior", afirmou.

Junto com Hillary e Gates, Obama nomeou o general da reserva James Jones como conselheiro nacional de segurança e a governadora de Arizona Janet Napolitano como chefe de Segurança Interna. Ele também indicou Eric Holder, que já passou pelo Departamento de Justiça, como procurador-geral, e Susan Rice, assessora de Obama em política externa, como embaixadora dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas (ONU).

Todos os indicados devem receber a chancela rápida do Senado, controlado pelo Partido Democrata.

Os recentes os ataques em Mumbai foram um lembrete de que Obama não pode se dar ao luxo de focar somente a economia. O vice-presidente de sua chapa, Joe Biden, alertou durante a campanha presidencial que Obama poderia ser testado por uma crise nacional de segurança já nos primeiros seis meses no cargo - que assume em 20 de janeiro.

Obama quer retirar as tropas 16 meses após assumir o cargo, mas Gates alertou contra a definição de cronogramas e contra uma saída rápida, dizendo que isso poderia ameaçar os avanços em segurança conquistados no último ano.

Carta de Amorim

O ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou ontem uma carta assinada pelo chanceler Celso Amorim endereçada à Hillary fazendo vários elogios à ex-primeira-dama e esperando cumprimentá-la pessoalmente em Brasília ou em Washington no próximo semestre. "Foi com satisfação que recebi a notícia de o presidente eleito Barack Obama ter escolhido para essa missão essencial uma mulher dinâmica e determinada, consciente da necessidade de superar os desafios sociais de nosso tempo", disse o documento. "O Brasil e os EUA intensificaram, ao longo dos anos, os vínculos bilaterais de modo tão notável que alcançaram o nível de um diálogo estratégico sobre questões regionais e globais."

Amorim disse ainda esperar aprofundar ainda mais as relações entre os dois países e avançar em parecerias fundamentais.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters e Redação)