Título: EUA entraram em recessão ainda em 2007, diz estudo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 02/12/2008, Internacional, p. A12

Nova York, 2 de Dezembro de 2008 - É oficial: há doze meses a economia dos Estados Unidos está em recessão. A evidência de uma retração se fez sentir durante meses: produção reduzida, salários estagnados e centenas de milhares de demissões. Mas o National Bureau of Economic Research (NBER), sem partido, responsável por esses registros nos livros de História, esperou até este momento para se pronunciar.

Em comunicado divulgado ontem, os membros do Business Cycle Dating Committe do NBER - composto por sete importantes economistas, a maioria do setor acadêmico - disseram que a economia entrou em recessão em dezembro de 2007. "Uma recessão é um declínio significativo na atividade econômica disseminado por toda a economia, que dura mais de alguns meses, normalmente evidente nos setores de produção, emprego, renda real e em outros indicadores", explicou o relatório. "Uma recessão tem início quando a economia alcança um pico de atividade e termina quando a mesma chega a seu nível mais baixo."

A comissão observou que a contração no mercado de trabalho começou no primeiro mês de 2008, e disse que os declínios nos mais importantes indicadores, como de renda pessoal, atividade fabril, vendas de varejo e produção industrial, "corresponderam aos parâmetros de uma recessão." "Muitos desses indicadores, incluindo dados mensais sobre o maior componente do Produto Interno Bruto (PIB), o consumo, declinaram profundamente nos meses recentes", afirmou.

O anúncio foi feito no momento em que o mercado de ações recuou profundamente, seu primeiro declínio em cinco pregões. O Ibovespa caiu mais de 5%, O Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 7,70%, seguido a tendência dos pregões na Europa e na Ásia.

Os analistas disseram que depois dos ganhos da semana passada - a maior recuperação efetuada no período de cinco dias em décadas - era de se esperar um ataque especulativo.

"Tínhamos o maior ganho semanal em 30, 35 anos", disse Anthony Conroy, principal trader de valores mobiliários no BNY ConvergEx Group. "Era garantido que haveria alguém lucrando."

Mesmo assim, os prejuízos de ontem foram aterradores. Ações foram arrastadas para baixo com declínios de dois dígitos em papéis de firmas financeiras. As ações do Citigroup, fonte de preocupação nos últimos tempos em Wall Street, recuaram 11%; as da American Express e Bank of America (BofA) perderam 10%.

"Os financistas conduziram a recuperação para cima, e estão fazendo o mesmo para baixo", disse Conroy.

Os investidores podem também estar se defendendo antes do relatório de sexta-feira sobre o mercado de trabalho, um dos mais importantes indicadores mensais da saúde da economia. Os analistas esperam que os empregadores demitam mais de 300 mil funcionários em novembro, sublinhando os problemas que enfrentam os trabalhadores americanos e as empresas.

Esta é a primeira recessão oficial desde 2001, quando a economia foi afetada após o estouro da bolha da tecnologia. O período de expansão durou 73 meses, de novembro de 2001 a dezembro de 2007.A segunda-feira trouxe mais notícias desanimadoras para a economia como o da indústria manufatureira. (Ver matéria abaixo.)

"Sejam quais forem os números que você observar, a mensagem é sempre a mesma: o setor manufatureiro está em queda livre e a produção está entrando em colapso", defendeu Ian Shepherdson do High Frequency Economics em uma nota dirigida a seus clientes. "Nós não vemos perspectiva para qualquer melhora no curto prazo."

Um outro relatório do Departamento do Comércio mostrou que os gastos na construção civil sofreram queda de 1,2% em outubro, após manterem-se estáveis em setembro. Os projetos privados do setor caíram 2%, com uma queda acentuada no setor residencial - oferecendo poucos sinais de alívio para a crise do mercado imobiliário.

As quedas em Wall Street ocorreram após quedas na Europa e na maior parte da Ásia, já que os investidores passaram a ver novamente um cenário sombrio para a economia. "Nós estamos devolvendo uma parte dos lucros obtidos nas bolsas nas últimas semana", afirmou Robert Talbut, gerente de fundos na Royal London Asset Management. "Eu acredito que em termos de avaliação, há alguns bons ne