Título: Deputado informal
Autor: Taffner, Ricardo ; Medeiros, Luísa
Fonte: Correio Braziliense, 16/03/2011, Cidades, p. 23

Manoel Costa de Oliveira Neto ficou famoso no início do mês ao aparecer em um vídeo ao lado da mulher, Jaqueline Roriz (PMN), recebendo dinheiro de Durval Barbosa, mas ele transita nos bastidores da política do DF há mais de uma década. De açougueiro a doleiro, Manoel Neto fez amizades importantes no meio até garantir espaço no cenário local. Agora, corre o risco de virar réu, ao lado de Jaqueline, em ação de improbidade administrativa, caso seja configurado que eles lesaram o patrimônio público.

Dono de açougue nos anos 1990, Manoel Neto começou a despontar quando se tornou sócio do Super Bingão dos Importados, que fez muito sucesso na capital da República. Em seguida, ele abriu uma casa de câmbio. Em 1998, concorreu a uma vaga de deputado distrital pelo PMDB com uma das campanhas mais caras da época, mas terminou a disputa em 125º lugar, com apenas 1.811 votos. No início do ano seguinte, foi nomeado presidente da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB). No período em que esteve à frente da estatal, a frota caiu de 210 para 44 ônibus em operação e a empresa passou da quarta à oitava colocação no ranking das maiores empresas do setor.

Em 2002, Manoel Neto tentou concorrer novamente à Câmara Legislativa e, novamente, saiu derrotado. Com isso, voltou a atuar nos bastidores do governo de Joaquim Roriz. Nas eleições seguintes, em 2006, resolveu sair do centro da disputa para mergulhar na candidatura da mulher.

A experiência adquirida ao longo dos anos pode ser observada nos 2¿50¿¿ das cenas gravadas por Durval. Ao contrário do ex-distrital Leonardo Prudente (sem partido), que teve de guardar os maços de dinheiro nas meias, Manoel Neto foi ao encontro de Durval equipado com mochila. Na gravação, é ele quem pega e guarda o bolo de notas. A intimidade no gabinete fica explícita ao, depois de pegar um ¿chicletinho¿ do colega, ser denunciado pela mulher: ¿Toda vez você faz isso¿, revelou Jaqueline.

Apesar de a mulher ter sido eleita para Câmara Legislativa, Neto sempre se comportou como dono do mandato. Mesmo sem possuir cargo no gabinete, ele dava as ordens no local e interferia no trabalho dos servidores. Chegou a empregar uma das quatro filhas em um cargo comissionado. Além disso, na mansão que possui no Lago Norte, também manteve funcionários pagos com a verba de Jaqueline.