Título: Desempenho de 2008 será mantido, diz CNI
Autor: Salgueiro,Sônia
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Brasil, p. A4

São Paulo, 3 de Dezembro de 2008 - A queda de 1,7% da produção industrial brasileira não comprometerá o desempenho da indústria em 2008, de acordo com Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "O crescimento deste ano já está assegurado, mesmo com a desaceleração do último trimestre. Devemos crescer 5% em 2008", afirmou ontem o dirigente, após reunião do Fórum Nacional da Indústria, realizada em São Paulo.

Monteiro Neto lembra que pesquisa realizada em meados de novembro pela CNI, com cerca de 400 indústrias de todo o País, já mostrava o forte impacto da crise financeira sobre o setor industrial. Segundo a sondagem, 88% das empresas afirmaram sentir os efeitos da crise em seus negócios e 77% disseram estar revisando investimentos.

O presidente da CNI avalia que, dado o "desempenho robusto" apresentado até poucos meses atrás, o processo de desaceleração ocorrerá de forma gradual. Na opinião do dirigente, o Brasil está em posição privilegiada para transpor a crise internacional. "A taxa de investimento crescia acima de 20% ao ano, o que mostra que, mesmo afetada, a indústria pode crescer mais que o Produto Interno Bruto (PIB)." A estimativa da CNI é de que em 2009 o PIB crescerá de 3% a 3,5%.

Monteiro destaca que, devido à falta de crédito, um dos maiores problemas da indústria brasileira no cenário atual, as últimas medidas do governo visando à recomposição da liquidez e o restabelecimento do crédito foram providenciais.

Ainda assim, os empresários reunidos no Fórum, grupo que reúne 45 associações nacionais de setor e federações estaduais da indústria, defendem a redução dos juros e a reforma tributária. "Chegou o momento de rever o arranjo da política macroeconômica atual, baseada em juros alto e câmbio controlado", afirma Monteiro, defendendo uma política monetária mais branda e a revisão da política fiscal. "Se não se quer um cenário recessivo no País, é preciso ajustar a política monetária", diz o empresário.

Os industriais presentes no Fórum defenderam uma reforma tributária urgente, que desonere o investimento e a folha de pagamentos. "A proposta tem que ser neutra e não pode trazer qualquer elevação de carga", resume o presidente da CNI.

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, também defendeu a reforma tributária e mostrou-se favorável a uma redução imediata dos juros. "Acho que cabe ao Banco Central analisar o novo cenário, que é de redução da demanda, para ajustar a política de juros do País, afinal é importante que o Brasil continue investindo", opina. Ele conta que os projetos de investimento da Gerdau estão mantidos, mas reconhece que a situação de mercado pode levar a empresa a decidir adiar alguns projetos ainda não iniciados.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Sônia Salgueiro)