Título: Governo previa a queda, diz Mantega
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Brasil, p. A5
Brasília, 3 de Dezembro de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o arrefecimento da produção industrial que apresentou queda de 1,7% em outubro em relação a setembro pode ser reflexo dos impactos da crise financeira internacional, que trouxe problemas para o Brasil, sobretudo a redução da oferta de crédito. Mas disse que o resultado não surpreende, já que tradicionalmente há desaceleração de segmentos da economia nos meses de outubro, novembro e dezembro.
O ministro também contestou órgãos e analistas internacionais que disseram que a economia dos Estados Unidos (EUA) já estaria em recessão. Disse que o país passa apenas por uma desaceleração "brusca" e considera "um equívoco" dizer que há uma recessão nos EUA, mesmo que órgãos americanos admitam a retração econômica. Anteontem o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA anunciou que os Estados Unidos estão em recessão desde dezembro de 2007. O estudo considerou a redução do emprego e o desempenho desfavorável do setor imobiliário para avaliar o quadro recessivo, ao invés de dois trimestres consecutivos em queda, como normalmente é medido por esse tipo de pesquisa .
"É um equívoco dizer que os EUA estão em recessão. A recessão acontece quando existem dois trimestres consecutivos negativos. E os EUA só tiveram um resultado negativo este ano, que foi no primeiro trimestre", disse o ministro. No entanto, Mantega admitiu que os norte-americanos devem entrar em "recessão técnica" no último trimestre deste ano, quando devem sofrer nova queda do PIB.
Sobre a produção industrial que caiu 1,7% em outubro, em relação a setembro, conforme divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ministro disse que o governo já previa o arrefecimento da atividade econômica nos últimos meses do ano. "Tivemos um bom desempenho da economia até setembro deste ano. A partir de outubro apareceram problemas em virtude da crise financeira internacional, que reduziu o crédito", acrescentou, depois de participar de reunião com o presidente do Senado Federal, Garibaldi Alves.
O ministro apresentou ao parlamentar o texto da medida provisória que prevê a renegociação de débitos do setor privado com a União em cerca de R$ 1,3 trilhão. Durante o encontro, segundo relato do senador Renato Casagrande (PSB/ES), o ministro disse que a desaceleração da atividade econômica no terceiro trimestre deste ano é um indício de que a haverá uma redução da atividade econômica nos próximos meses.
Porém, Mantega avalia que a economia brasileira continuará a apresentar resultado positivo no PIB, e assegura que o Brasil crescerá 4% em 2009.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Viviane Monteiro)