Título: Países do Bric buscam ampliar a integração
Autor: Raposo,Fred e Gombata,Marsílea
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Internacional, p. A14

Rio de Janeiro, 3 de Dezembro de 2008 - Mais do que um grupo de superpotências emergentes cujo nariz aponta para uma mesma direção, os laços que unem os países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) tendem a se estreitar, nos próximos anos, pelo que seus integrantes apresentam de mais díspar: ao mesmo tempo que são competitivos, seus modos de produção são também complementares.

A análise foi apontada ontem no seminário " Bric: As Potências Emergentes na Visão da Diplomacia e da Mídia" - evento organizado pela Gazeta Mercantil e pelo Jornal do Brasil com intuito de discutir o papel que Brasil, Rússia, Índia e China desempenham na economia global.

Ao dissecar relatório recente do banco de investimentos Goldman Sachs - cujo economista Jim O'Neill foi o autor da sigla Bric - o embaixador da República da Índia, B.S. Prakash, apontou a diversidade do modo de produção dos integrantes do grupo como fator agregador de suas relações comerciais: A China pelas manufaturas; a Índia pela excelência em prestação de serviços e desenvolvimento tecnológico; a Rússia pelas reservas de petróleo e gás natural; e o Brasil pela tradicional exportação de commodities.

"O Bric representa algo maior, a multipolaridade. Até 1989, o mundo apresentava-se bipolarizado. Entre 1990 e 2000, era dominado por uma potência. Nos últimos anos, houve a difusão do poder", disse Prakash. "Hoje em dia há uma pluralidade de perspectivas."

O amplo mercado consumidor interno dos quatro países - que, somados, totalizam 3 bilhões de pessoas - são apontados como principal escudo à crise econômica que abalou a confiança global.

O cônsul-geral da República Popular da China, Li Baojun, destacou que o Bric é uma força de correlação importante no atual cenário. Segundo o diplomata chinês, juntos, os quatro países têm 42% da população global, além de enorme volume de recursos estratégicos de mercado."O papel das nações integrantes do grupo é fundamental para a promoção dos países emergentes", disse Baojun. "Esses quatro países têm também grande importância geopolítica na resolução de conflitos, além de procurar estabelecer o diálogo Norte-Sul e as negociações Sul-Sul."

Segundo o cônsul, entre 2000 e 2007, a contribuição dos países de Bric alcançou a marca de 50% da economia global. Baojun anunciou que as trocas comerciais entre Brasil e China pode subir de US$ 32 bilhões para até US$ 40 bilhões.

O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Carlos Sérgio Duarte, ressaltou que, em 2035, o Produto Interno Bruto (PIB) do Bric deve ultrapassar o do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo). "O grupo tem um grande potencial e representa uma nova multipolaridade na ordem global", analisou o ministro, citando território, população e PIB como traços comuns.

Participaram ainda do seminário CEO da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), Marcos Troyjo, o diretor de projetos editorias do JB, Pedro Nonato, o representante do grupo CBM para a Federação Russa, Aleksander Medvedovsky, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Tang, o diretor-executivo da Rossiijskaya Gazeta de Moscou, Eugene Abov, o CEO do The Jai Group, Rakesh Vaidyanatahan, o consultor da Presidência da Petrobras, José Carlos Vidal, o cônsul-geral da Rússia, Alexey Labetskiy.

A Petrobras patrocinou o evento

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Fred Raposo e Marsílea Gombata)