Título: BC do Japão irá ajudar bancos com US$ 30 bilhões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Finanças, p. B1

Tóquio, 3 de Dezembro de 2008 - A última medida pouco ortodoxa tomada por um banco central para combater o agravamento da desaceleração da economia mundial foi anunciada ontem no Japão, segundo informou o site do jornal The New York Times. O banco central japonês divulgou medidas emergenciais que visam minimizar os efeitos da escassez de financiamentos corporativos, numa ajuda que pode chegar a US$ 30 bilhões.

Os planos do Banco do Japão permitirão que bancos comercias tomem empréstimos - sem limites de fundos e a baixos juros - junto ao banco central, desde de que possuam garantias suficientes para assegurar o pagamento dos empréstimos. A intenção é fazer com que os bancos comerciais repassem estes fundos para o mercado, através de empréstimos a empresas, especialmente às companhias de menor porte, que foram mais afetadas pela crise de crédito.

Com o Japão, a maior parte da Europa e, agora, os Estados Unidos em recessão, os economistas defenderam que as recentes medidas refletem os novos caminhos que os bancos centrais estão seguindo na tentativa de impulsionar suas economias. O corte das taxas básicas de juros, que aproximaram-se de zero, não foi suficiente para interromper a pior crise econômica mundial desde a década de 30. As ações anunciadas também revelam os riscos que o Japão enfrenta: os custos de empréstimos começaram a subir recentemente enquanto a economia sofre com a desaceleração.

Combate

Em meio ao agravamento da crise econômica, os líderes dos principais bancos centrais do mundo mostraram que farão tudo que for necessário para combater a crise de crédito e estimular a retomada do crescimento. No início de novembro, um mês depois dos bancos centrais terem coordenado uma redução sem precedentes das taxas de juros, Ben Bernanke, chairman do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), defendeu em uma conferência em Frankfurt que os mercados estão sendo monitorados de perto e que medidas serão tomadas sempre que se fizer necessário.

As ações do Banco do Japão seguem os mesmos moldes das diretrizes tomadas por outros bancos centrais. Na semana passada, Washington anunciou um plano segundo o qual o Fed criaria uma entidade para financiar empréstimos específicos - que seriam destinados a investidores ou companhias que possam oferecer garantias como acontece nos empréstimos concedidos a pessoas físicas.

Masaaki Shirakawa, presidente do Banco do Japão, afirmou que os bancos comerciais podem tomar emprestado até US$ 30 bilhões com o novo plano anunciado na terça-feira.

"Estas medidas não poderão, isoladamente, definir o formato da economia, mas terão efeito positivo sobre o financiamento corporativo, que tem sido bastante afetado", defendeu Shirakawa.

Ver também pág. B2(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(The New York Times)