Título: Caixa prevê expansão de 20% na liberação de crédito imobiliário
Autor: Nascimento,Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 3 de Dezembro de 2008 - No que depender da disposição da Caixa Econômica Federal (Caixa) de fomentar o setor por meio de empréstimos, o mercado imobiliário continuará aquecido no próximo ano. A instituição federal ainda não concluiu o orçamento, mas informou ontem que trabalha com uma perspectiva de crescimento de até 20% no volume de novos financiamentos em 2009, ante o número histórico deste ano, lembrou o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda. "O volume de 2003 será mais que quadruplicado este ano e em 2009 esperamos, no mínimo, manter os dados de 2008, mas temos condições de aumentar mais, se necessário." No acumulado até novembro, o banco fechou a marca recorde de 446 mil contratações, com empréstimos que somaram R$ 20,4 bilhões, uma expansão de 60% na comparação a igual período de 2007, alcançando o valor previsto em julho para todo o ano.

Agora, a estimativa é fechar 2008 com R$ 22,8 bilhões e 500 mil contratos, ante os R$ 15,2 bilhões financiados no ano passado, com 409,51 mil contratos. Hereda disse que mesmo em momento de crise, como o atual, a Caixa continuou contratando novos empréstimos porque tem atuado de forma a aumentar sua participação no mercado, no qual é líder com fatia de 51% do total em valor, segundo dados de outubro. O executivo observou também que o banco tem uma excelente base de funding.

Somente a captação de poupança, com saldo em torno de R$ 90 bilhões, deverá atingir R$ 12 bilhões este ano, estima, o que dará fôlego à empresa para atingir as projeções. "Com crise ou sem crise a perspectiva na visão da Caixa não é negativa. Se não tiver lançamentos, tem imóvel usado. Tem também um grande volume de lançamentos previstos para entrega em 2009." Atualmente, 50% dos imóveis financiados pela Caixa são novos.

A manutenção das taxas e das mesmas condições de financiamento no próximo ano também são outros atrativos que devem ajudar a Caixa a alcançar suas estimativas, afirmou Hereda, para quem a inadimplência, hoje em seu menor nível no banco, não preocupa. O executivo ressaltou que a taxa de inadimplência, acima de 90 dias, neste ano está em 0,3%, em quantidade e valor, e em 4,24% e 4,09%, respectivamente, sobre o total da carteira, de R$ 40,5 bilhões em novembro, um crescimento de 35% em doze meses.

Das concessões deste ano, R$ 10,2 bilhões foram com recursos provenientes do FGTS, com alta de 60% em relação ao mesmo intervalo de 2007 e previsão de chegar a R$ 11,7 bilhões no encerramento do ano. Os recursos oriundos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) responderam por aproximadamente R$ 9,3 bilhões do total, ultrapassando a estimativa da Caixa de finalizar o ano com R$ 9,2 bilhões, alta de 76% ante 2007. A projeção agora é alcançar negócios acima de R$ 10 bilhões.

O Estado de São Paulo respondeu por R$ 5,9 bilhões do total aplicado pela caixa em financiamento imobiliário até novembro, uma elevação de 57%. A meta é encerrar 2008 com R$ 6,5 bilhões, mas o banco tem em andamento no Estado cerca de R$ 800 milhões em contratos em fase de conclusão.

Conforme Hereda, a CaixaPar - subsidiária que permitirá ao banco ampliar suas parcerias com empresas do setor imobiliário, incluindo a aquisição de participações em construtoras - está em fase de estruturação e à espera da aprovação pelo Congresso da medida provisória que permite a sua criação. O executivo considera que a CaixaPar dará à instituição as mesmas condições que outros concorrentes têm para disputar o mercado. "Mas não estamos imaginando de imediato comprar participações em construtoras e sim ampliar as parcerias."

Capital de giro

Ontem, a instituição federal também assinou os primeiros contratos de linhas de capital de giro destinadas para o setor da construção civil com duas companhias: Goldfarb Incorporação e Construção e MRV, de R$ 2 milhões cada uma. Com recursos da poupança, o banco irá destinar até o final de março R$ 3 bilhões para essas operações, com taxas de juros entre 10% e 11% ao ano. Hereda estima aplicar todo o montante, mas a Caixa tem condições de destinar mais R$ 1 bilhão, afirmou

Ver também pág. B4

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Iolanda Nascimento)