Título: Para sustentar preço, avicultores devem cortar 17,5% da produção
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/12/2008, Agronegócio, p. B11
Brasília, 3 de Dezembro de 2008 - A ordem na indústria brasileira de frango é reduzir a produção para ajustar a oferta à queda do consumo global, tendência provocada pela crise econômica. O setor está em franca retração. As exportações somaram apenas 220 mil toneladas em novembro, queda de quase 27% em relação às remessas de 299 mil toneladas, registradas em novembro em 2007. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef).
Para promover o ajuste, a União Brasileira de Avicultura (UBA) recomenda que os produtores reduzam rapidamente o alojamento de pintos de corte, dos cerca de 485 milhões mensais para cerca de 400 milhões mensais. Ou seja, a ordem é produzir menos frango para o abate para evitar superoferta.
O Brasil exporta mais de 30% da carne de frango que produz. Depende do mercado externo, segundo o presidente da UBA, Ariel Antônio Mendes. A queda das exportações no final do ano é uma boa notícia para o consumidor brasileiro. Sem compradores no mercado externo, a avicultura brasileira terá de ofertar seus produtos no Brasil.
As leis de mercado determinam que maior oferta representa menor preço, e por isso é esperada uma queda de até 20% no preço final da carne de frango neste final de ano. É uma situação inversa à de outros anos, quando os preços sobem em resposta ao tradicional aumento de consumo no período.
Apesar do descompasso entre oferta e procura, há projeções otimistas para 2008. A UBA prevê produção de 11 milhões de toneladas, 7,5% mais que os 10,2 milhões de toneladas do ano passado. E há otimismo para o ano novo. "Apesar da crise financeira, 2009 será um ano bom, tanto no mercado interno como nas exportações, afirma Mendes. A aposta é que retomada do crescimento vai ocorrer a partir do segundo semestre. A Abef aponta para crescimento de 5% nas exportações em 2009, e a UBA projeta expansão de até 3% na produção de frango. São índices de crescimento modestos, mas o risco de retração está descartado.
"Continuaremos sendo os maiores exportadores de frango, pois a crise tem um potencial de efeito benéfico a médio prazo, que é a migração para uma carne mais barata, a carne de aves, em substituição à carne bovina", disse o presidente da Abef e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra. Ele destacou que 41% das exportações mundiais de carne de frango são feitas pelo Brasil, direcionadas a 153 países. Neste ano, os maiores mercados são países do Oriente Médio (1 milhão de toneladas), Ásia (750 mil toneladas), União Européia (550 mil toneladas) e Rússia (180 mil toneladas).
Turra admite que a crise mundial retrai as compra de grandes importadores, como Rússia, Venezuela e Japão, seja por restrições de crédito ou por altos estoques já formados. Por isso, a Abef está com a mira direcionada para novos mercados, como Indonésia, Malásia, México, Nigéria e Índia. Atualmente, a carne de frango responde por aproximadamente 45% da produção brasileira de carnes. Em 1995, correspondia a 36% do total.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Ayr Aliski)