Título: Gilmar Mendes se diz atingido com decisão do juiz De Sanctis
Autor: Carneiro,Luiz Orlando
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/12/2008, Direito Corporativo, p. A9
Brasília, 4 de Dezembro de 2008 - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, enviou ontem representação ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, a fim de que "tome as medidas necessárias" relativas a fatos relatados pelo juiz Fausto De Sanctis, na sentença condenatória do banqueiro Daniel Dantas a 10 anos de prisão. Segundo a assessoria de Mendes, ele se sentiu diretamente atingido em trechos da sentença de 300 páginas (pp. 281 e 282) na qual o juiz afirma que o coronel da reserva do Exército Sérgio de Souza Cirillo - supostamente ligado ao grupo de Dantas - foi nomeado assessor principal do gabinete do secretário de Segurança do STF, em 30 de julho, três meses depois de deflagrada a Operação Satiagraha.
Tanto Sérgio Cirillo como seu superior, o também coronel Joaquim Gabriel Alonso Gonçalves, foram exonerados de seus cargos em outubro, por motivos "administrativos", conforme a secretaria de comunicação do tribunal. Apurou-se que a demissão teve como causa um "entrevero" entre eles e os responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro, quando eram tomadas providências de rotina referentes à segurança do presidente da República, que iria ao STF para a inauguração da exposição sobre os 200 anos da Corte.
Da longa sentença do juiz De Sanctis, consta a seguinte referência ao coronel: "O relatório parcial-extrato telefônico elaborado pela PF na linha (....), em confronto com o número utilizado pelo delegado Protógenes Queiroz, a partir dos extratos solicitados pelas defesas de Hugo Chiaroni e de Humberto José Rocha Braz, demonstra, de forma inequívoca (...) o seguinte: Chiaroni, que se apresentava como integrante do Instituto Sagres - Política e Gestão Estratégica Aplicadas, segundo ele próprio e os delegados Queiroz, Marcos Antônio Lino Ribeiro e Ricardo Saadi, ligou para Cirillo, especialista na área de inteligência e contra-intelegência, oficial do Exército e que provavelmente se conheciam porque este também é vinculado ao referido instituto, nove vezes, no período de 4/6/2008 a 7/7/2008 (...). Tal fato revela, pois, que os acusados, para alcançar seus objetivos espúrios, dias antes de oferecer e pagar vantagem às autoridades policiais, atuavam sem medir esforços em suas ações na tentativa de obstrução de procedimento criminal, tentando espraiar suas ações em outras instituições. Cirillo foi nomeado, em 30/7/2008, como assessor, figurando como substituto do secretário de Segurança do STF, e, finalmente, exonerado em 6/10/2008".
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Luiz Orlando Carneiro)