Título: Saída de recursos pressiona e dólar sobe
Autor: Simone ; Bernardino, Silva
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/12/2008, Finanças, p. B2
4 de Dezembro de 2008 - O dólar fechou ontem em alta de 3,47%, vendido a R$ 2,475, pressionado pelas saídas forte de recursos ao exterior. Nem mesmo os três leilões do Banco Central conseguiram impedir a valorização da moeda norte-americana.
Preocupações com o futuro da economia mundial ajudaram a promover mais uma rodada de alta no dólar. A agenda econômica repleta de indicadores ruins imprimiu uma dose extra de cautela. Tanto que a divisa oscilou entre a mínima de R$ 2,378 e a máxima de R$ 2,475. Segundo a consultoria LCA, as saídas financeiras do fluxo comercial também ajudam a manter o real pressionado. "Apesar da contínua melhora do fluxo cambial no segmento comercial, com o restabe-lecimento gradual das linhas de financiamento aos exportadores , houve um aprofundamento das saídas financeiras em novembro, de modo que o fluxo cambial ficou ainda mais negativo do que em outubro", destacou um relatório.
Leonardo dos Santos, analista da Austin Rating, avalia que a volatilidade e as incertezas tendem a prosseguir no curto prazo, enquanto não houver um clareamento do cenário. "É difícil traçar uma perspectiva para o câmbio, mas o interessante é observar os preços das commodities e as demais condicionantes que influenciam nas cotações", destaca. Do lado financeiro, o especialista lembra do fator especulação, variável importante que têm deixado o preço do dólar mais pressionado. Segundo Santos, o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana, juntamente com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre os juros podem dar uma refrescada no câmbio. "Se o diferencial de taxa permanecer alta, pode ser que volte a ingressar dólares no País", avalia. Para Santos, o Copom deve manter a Selic em 13,75%, já que a inflação vêm se mostrando sob controle.
No noticiário, os investidores foram surpreendidos pela queda mais rápida no nível de atividade do setor de serviços da zona do euro, o que chegou a puxar para baixo o preços das ações européias, ao mesmo tempo em que alimentaram as apostas quanto a um corte mais agressivo nas taxas básicas de juros pelo Banco Central Europeu, amanhã. Os dados sobre o mercado de trabalho ajudou a deteriorar o humor dos investidores. Segundo pesquisa ADP Employment, o setor privado dos EUA empregou em novembro 250 mil pessoas a menos, a maior queda mensal em sete anos.
Ver também pág. B3
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Simone e Silva Bernardino/ InvestNews)