Título: Faturamento da indústria cai, mas emprego fica estável em outubro
Autor: Oliveira,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/12/2008, Brasil, p. A5

Brasília, 5 de Dezembro de 2008 - A atividade industrial brasileira teve um recuo em outubro, de acordo com a pesquisa sobre os indicadores industriais realizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e divulgada ontem. O faturamento das empresas teve queda de 0,2% no mês em relação a setembro, o que reforça os dados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) que já havia mostrado que uma queda de 1,7% na produção industrial em outubro ante setembro.

Apesar da retração de outubro, o faturamento dos dez primeiros meses do ano é positivo e bateu recorde ao atingir 8% de alta. O chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, comemorou o resultado, mas acredita que o crescimento do ano todo deverá ficar abaixo dos 8% registrados até outubro. "Durante três quartos desse ano tivemos um crescimento excepcional, com resultados positivos. Mas há sinais que nos próximos meses teremos uma inflexão", apontou.

Segundo o economista, o recuo de outubro foi motivado pela crise financeira internacional. Ele acrescentou que a redução da demanda doméstica e o encarecimento do crédito também estão dentre os motivos para a queda no faturamento da indústria.

Retração acentuada

Os setores da indústria que apresentaram maior retração no faturamento foram o de produtos têxteis, produtos químicos, móveis e indústrias diversas e máquinas e equipamentos. Esse último passou de 31% de crescimento em setembro para 12% em outubro. Uma redução de 19 pontos percentuais.

As horas trabalhadas também recuaram 0,3% ante o mês anterior, enquanto em outubro do ano passado houve um crescimento de 0,4% sobre setembro. Essa é a maior queda desde junho de 2007 no indicador, e o maior recuo registrado entre janeiro e outubro desse ano.

Quanto ao emprego, a pesquisa dos indicadores industriais mostra se manteve como nos meses anteriores, com ligeira alta de 0,1% sobre setembro. Comparando outubro desse ano com o de 2007, houve crescimento de 3,9%. E nos dez primeiros meses do ano o avanço é 4,3% sobre igual período do ano passado.

Apesar do crescimento no número de empregos, a massa salarial apresentou queda de 0,6%, a maior redução para o período desde 2006. No ano acumulado do ano, ainda há crescimento de 5,2%.

A tendência, porém, é que nos próximos meses haja uma significativo recuou no número de empregos, já que a pesquisa não contemplou a demissão de 1,3 mil funcionários da Companhia Vale do Rio Doce (Vale) que na última quarta-feira. Só em Minas Gerais, por exemplo, foram demitidas cerca de 260 pessoas.

Acompanhando a queda no faturamento, o uso da capacidade instalada também teve redução. O indicador passou de 83,4% em setembro para 82,9% em outubro deste ano. Isso representa uma retração de 0,5 ponto percentual, a maior desde agosto de 2005, quando a redução foi de 0,6 p.p.

A pesquisa indica a queda da utilização da capacidade instalada acompanhou a redução de 1% das horas trabalhadas na produção, e com isso, registrou a maior queda, no dado dessazonalizado, desde julho de 2008.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ana Carolina Oliveira)