Título: Lula critica comportamento de bancos e montadoras
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/12/2008, Brasil, p. A5
RIO DE JANEIRO, 5 de Dezembro de 2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o comportamento de bancos e montadoras que aumentaram as exigências para crédito e financiamentos em meio à crise financeira global. Segundo Lula, apesar de o governo ter liberado cerca de R$ 100 bilhões em compulsórios bancários, os bancos privados aumentaram as restrições para a concessão de crédito e as montadoras elevaram as condições de financiamento para a compra de automóveis. "No sistema financeiro, o dinheiro ficou mais caro. Os bancos escolhem agora clientes seis, sete, oito estrelas...Vou conversar isso com o (ministro da Fazenda, Guido) Mantega e com o (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles", disse Lula em discurso após lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual.
Lula lembrou que o governo também liberou recursos para os bancos das montadoras para evitar a redução nas vendas. "Elas aumentaram a entrada de 20% para 30% e reduziram as parcelas de financiamento de 76 para 22. Em vez de facilitar, dificultaram."
O presidente disse que a crise criou um clima de incerteza e pessimismo, mas defendeu que as pessoas não entrem em desespero. Lula voltou a estimular os consumidores a não desistirem de comprar, alegando que um freio no consumo agravaria a crise. "Quanto mais crise, você precisa de mais investimento. O compromisso é não deixar de investir nem um centavo, porque com investimento você faz a roda da economia girar."
Lula considerou o Brasil como o país do G20 mais preparado para enfrentar a crise, e disse que vê a instabilidade internacional como oportunidade para que o País se fortaleça no cenário internacional. Ele insistiu na adoção de regras mais claras e rígidas para o mercado financeiro internacional. "O mercado teve uma dor de barriga.Foi uma diarréia insuportável", disse ele ao ironizar a falta de controle das instituições financeiras.
O presidente ironizou o volume das perdas acumuladas desde o início da crise, estimadas em mais de US$ 1 trilhão. "Onde será que está todo esse dinheiro? Será que é nas Ilhas Cayman? Se fosse tudo para lá a ilha já tinha afundado", disse Lula, referindo-se ao paraíso fiscal do Caribe.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Reuters)