Título: Para governo, é fundamental manter postos de trabalho
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Fonte: Gazeta Mercantil, 05/12/2008, Brasil, p. A6
Brasília, 5 de Dezembro de 2008 - A estabilidade do nível de emprego no País é questão "central" para o governo e todos os esforços são para garantir a manutenção do investimento e de uma taxa de crescimento econômico de 3,5% a 4% em 2009, afirmou ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Nós vamos tomar todas as medidas para evitar ao máximo o desemprego", disse a jornalistas antes de reunião com sindicalistas realizada em Brasília.
"Essa é uma das questões centrais para o governo: não deixar que uma queda do emprego comprometa tudo o que conquistamos até agora."
Segundo a ministra, o governo ainda avalia o cenário da produção e do emprego e não definiu possíveis medidas. "Isso vai depender de diversas variáveis econômicas e não só de negociações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Acho que o governo hoje tem os instrumentos para diminuir a quantidade de desemprego."
Em outubro, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,5%, a menor do ano, mas o desaquecimento da atividade provocado pela crise global já dá sinais de que pode afetar esse quadro.
A Vale, por exemplo, anunciou a demissão de 1.300 empregados no mundo todo devido à retração da demanda mundial. Representantes do setor de construção civil, importante empregador, também disseram que o cenário de contratações é incerto.
Pacto antidesemprego
A produção industrial caiu 1,7% em outubro, maior recuo em quase um ano. "O governo tem conversado com os empresários no sentido de manter a produção e o crédito", acrescentou Dilma. "No momento de queda da produção é muito difícil você manter a decisão de investir, mas há que manter a decisão de investir para manter emprego."
Durante debate com sindicalistas, Dilma reiterou que a solução do problema passa pela normalização da oferta de crédito no Brasil. "Não podemos baixar uma medida provisória dizendo: que fique o emprego como está. Se fosse assim, seria muito fácil", decla-rou a ministra.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, anfitrião do encontro, sugeriu o estabelecimento de um pacto para evitar que empresas que tomaram empréstimos em bancos públicos ou se beneficiaram de investimentos estatais demitam.
Segundo ele, a CUT está fazendo um levantamento para verificar que empresas e setores têm esse perfil. "Queremos que haja um compromisso de manter os empregos", afirmou Artur Henrique a jornalistas.
O presidente da CUT afirmou ainda que os sindicatos começarão a promover greves e manifestações para tentar convencer as empresas a recontratarem os trabalhadores dispensados.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Reuters)