Título: US$ 30 bi em menos de três meses
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2011, Economia, p. 12

O volume de dólares que ingressou no Brasil desde início de ano, até 11 de março, atingiu US$ 30,3 bilhões. O montante deixou para traz o resultado de todo o ano passado, quando foi registrado um saldo de US$ 24,3 bilhões. A enxurrada de capital sobre o país não está sendo impulsionada apenas por investidores estrangeiros em busca de rentabilidade e de um porto seguro. Empresas e instituições financeiras brasileiras, principalmente bancos, estão captando recursos no exterior a taxas próximas de zero para emprestar a taxas bem mais elevadas por aqui, inclusive para o governo, que paga 11,75% ao ano por meio dos títulos públicos.

Apenas o Banco do Brasil captou, no ano passado, US$ 25,3 bilhões lá fora. O Bradesco trouxe quase US$ 6 bilhões e o Itaú Unibanco, cerca de US$ 14 bilhões. ¿O mercado aqui é tomador de crédito. No caso dos bancos, com apenas um mês de juros cobrados no cheque especial, conseguem pagar três anos de empréstimos lá fora, os impostos e ainda embolsam um bom lucro¿, disse Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

Tamanha enxurrada de dólares tem feito derreter a cotação da divisa norte-americana. Mas, com a crise no Japão se agravando e o receio de que novas medidas de controle cambial sejam adotadas no Brasil, essa tendência parece começar a se reverter. ¿O dólar vinha em baixa até terça-feira, cotado a R$ 1,668. Depois dos terremotos e do tsunami no Japão, o movimento se inverteu. Agora, o dólar pode voltar para R$1,74, como em 23 de novembro¿, previu Gilberto Coelho, analista da corretora XP Investimento.

Ontem, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,42%, cotada a R$ 1,674 para venda ¿ o maior patamar desde 23 de fevereiro, quando encerrou o pregão a R$ 1,675. Frente ao iene, a moeda japonesa, o dólar despencou ao menor valor em 16 anos ¿ cotado a 80,11 ienes. ¿Piorou tudo lá fora, e tem gente apostando que os desastres no Japão prejudicarão demais a terceira maior economia do mundo¿, resumiu Rodrigo Nassar, operador de câmbio da Vetorial Asset. (VM)

Longe da Fazenda Depois das críticas do mercado de que voltou a ser um apêndice do Ministério da Fazenda, o Banco Central resolveu agir para mostrar que não é bem assim. Apesar de singela, a instituição mudou o seu site na internet. No início do ano, com a entrada do novo governo, a página havia sido alterada: no alto, em vez do nome do BC, aparecia Ministério da Fazenda, como se o banco respondesse à pasta. Nos últimos dias, porém, depois de receber uma saraivada de críticas por adotar uma postura dócil no combate à inflação, voltou a estampar no alto do site o nome Banco Central do Brasil. O da Fazenda desapareceu.