Título: Brasileiro considera carga tributária alta
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2011, Economia, p. 14

População reclama que paga muito e recebe, em troca, serviço público de baixa qualidade A maioria dos brasileiros não vê nenhuma necessidade de o governo elevar ainda mais a já pesada carga tributária do país para melhorar a qualidade dos serviços públicos, que considera, no geral, ruim. Segundo pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem, 72% dos entrevistados rejeitam a volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), mesmo com sua arrecadação sendo toda destinada à saúde.

Para 87% das pessoas, a carga tributária é alta ou muito alta ¿ 79% acreditam que os impostos estão aumentando nos últimos anos. Apenas 7% dos entrevistados consideram a carga tributária adequada. Curiosamente, a CPMF, que deixou de vigorar em 2008, é desconhecida de cerca de um terço da população, sobretudo os mais jovens.

O levantamento feito com 2 mil pessoas de 140 municípios de todos os estados mostra que o cidadão espera melhores resultados no serviço público. Para isso, eles recomendam às administrações federal, estaduais e municipais o redirecionamento de verbas para o atendimento. Saúde e segurança são, pela ordem, considerados os setores de pior avaliação. No outro extremo, os serviços de luz e água encanada têm as percepções menos desfavoráveis.

¿Mais informado, o brasileiro vê, mesmo nas melhores avaliações, alguns serviços apenas como adequados¿, ressaltou Flávio Castelo Branco, gerente da Unidade de Política Econômica da CNI. Para ele, a ascensão social de partes da população nos últimos anos ajudou a ampliar a percepção de que o peso dos impostos está descasado da qualidade dos serviços. A correção de rumos dependeria, assim, de uma gestão eficaz.

A aprovação de 75% para os serviços de energia elétrica se deve, segundo Castelo Branco, ao fato de o cidadão avaliar pior as demandas excepcionais que as contínuas. ¿A universalização acaba sendo um fator positivo, enquanto hospitais e postos de saúde representam filas¿, resumiu o economista.