Título: Coutinho propõe criar mega fundo no G20
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Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2008, Internacional, p. A16
8 de Dezembro de 2008 - O Brasil deverá propor ao G20 um mega fundo de US$ 400 bilhões a US$ 500 bilhões para repassar para o sistema bancário de países emergentes e para instituições de promoção do desenvolvimento recursos que financiem projetos de longo prazo, a juros baixos, com prioridade para a infra-estrutura e linhas para a pequena empresa. A informação foi dada, sexta-feira passada, por Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Seria uma espécie de super FAT (Fundo de Apoio ao Trabalhador) para promover um super PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)", comparou.
Segundo Coutinho, a maior parte das economias em desenvolvimento está jogada à própria sorte e não conta com bancos como o BNDES. "Por isso, proponho a criação de um fundo de desenvolvimento, com algo como 10% das reservas cambiais dos países", disse durante a Conferência da Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos (Waipa), no Rio de Janeiro. O fundo seria capaz de emitir papéis garantidos pelos países desenvolvidos e traria mecanismos que embutiriam taxas para cobrir eventuais inadimplências.
A idéia de Coutinho é oferecer crédito, em escala, e rapidamente, às nações em desenvolvimento - excluídas do sistema mundial de crédito nesta crise. Na proposta de Coutinho, as contribuições partiriam de países com grande acúmulo de reservas. Segundo ele, interessa à economia global uma maior estabilidade e o crescimento econômico dessas nações.
"No passado, o governo americano criou o Plano Marshall, que foi fundamental para a recuperação econômica mundial. Precisamos algo deste tipo, adaptado para as economias em desenvolvimento", comentou. De acordo com o economista, nas últimas três décadas uma sucessão de crises ocorreu, assim como grandes bolhas foram formadas. "A natureza violentamente cíclica do capitalismo não consta no mainstream teórico dos economistas. No entanto, não é possível imaginar que o capitalismo consiga funcionar bem sem que a regulação das bolhas faça parte do core teórico da macro economia", criticou.Para o presidente do BNDES, é fundamental que a inovação financeira seja colocada à serviço da produção, da geração de empregos e do financiamento de projetos de longo prazo para sustentar o crescimento econômico. "É preciso ser criativo e ousado", comentou. A governança do mega fundo ainda será objeto de discussão, previu o economista. Sua idéia é que tenha instrumentos estruturados com garantias. E que use as próprias instituições financeiras e de promoção do desenvolvimento já existentes nas diversas nações para repassar os recursos aos projetos em cada país.
A.C.A.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 16)(A.C.A.)