Título: Petrobras quer equilibrar forças na petroquímica
Autor: França,Anna Lúcia
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2008, Indústria, p. C4

São Paulo, 8 de Dezembro de 2008 - O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou na última sexta-feira que, depois de incentivar a consolidação do setor petroquímico, agora vai trabalhar na equalização das forças entre as duas companhias resultantes deste processo. Como acionista de Braskem e da Quattor, a Petrobras quer que ambas tenham condições de competir no mercado global, o que pode significar um impulso maior para a Quattor.

"Participamos da consolidação das petroquímicas porque a pulverização era ruim para o setor", disse Gabrielli. Segundo ele, o movimento trouxe os reforços necessários para que as empresas pudessem liderar grandes projetos. "Agora é preciso equalizar as forças entre as duas companhias", acrescentou o presidente da Petrobras, que detém 40% de participação na Quattor e cerca de 30% da Braskem.

Hoje, a Quattor mantém um programa de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões, que tem por objetivo a ampliação da capacidade de produção para 2,8 milhões de toneladas por ano de petroquímicos básicos e intermediários e 1,9 milhão de toneladas de resinas até o final de 2008. A Braskem já produz cerca de 3,3 milhões de toneladas por ano só de resinas termoplásticas, segmento no qual lidera na América Latina. A Quattor hoje se concentra na área de polipropileno, segmento no qual a Petrobras tem planos de ampliar presença.

Gabrielli afirma que, por ser um setor que demanda capital intensivo, as petroquímicas precisam de força para competir em pé de igualdade com concorrentes externos.

A equalização, segundo o executivo, dará forças também para competir em um mercado cuja demanda vem recuando internacionalmente. Ele cita ainda o aumento da oferta no Oriente Médio e do continente asiático, que deve provocar dificuldades também para as petroquímicas brasileiras. "A recuperação só deve ocorrer a partir de 2013."

Segundo o vice-presidente de relações institucionais da Braskem, Marcelo Lyra, a declaração do presidente da Petrobras só reforça a idéia que o setor tinha desde o início da consolidação de dar condições às empresas para competição global. "É preciso ter escala para competir em qualquer mercado." Quanto a declaração de Gabrielli, Lyra disse acreditar que " isso não significa que as duas companhias tenham de ter necessariamente o mesmo tamanho, mas sim que gerem bons resultados e sejam competitivas." Apesar da crise, a Petrobras informa que manterá o cronograma de investimentos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que deve processar cerca de 150 mil barris diários de óleo pesado nacional, a partir de 2012, orçado em US$ 8,4 bilhões.

Gabrielli informou que ainda estuda os pedidos para alterar a formação de preços da nafta, mas espera ter para breve uma solução. Enquanto a decisão não sai, Gabrielli brinca que, mesmo com a queda do preço do petróleo, a Petrobras ainda não reduziu a cotação da nafta. "Mas nem por isso deixamos de vender o produto, o que demonstra que o preço não está tão ruim".

Cancelamento de ações

A Braskem anunciou o cancelamento das ações em poder da tesouraria, obtidas após o programa de recompra iniciado em março. Segundo o vice-presidente de finanças da empresa, Carlos Fadigas, assim, a empresa espera melhorar a cotação das ações, considerada abaixo do preço alvo estimado pelo mercado.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Anna Lúcia França)