Título: Petróleo em queda não afeta pré-sal
Autor: Scrivano,Roberta
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/12/2008, Infra-Estrutura, p. C8

São Paulo, 8 de Dezembro de 2008 - A Petrobras terá que criar um sistema de produção de petróleo mais barato que o atual para viabilizar comercialmente o pré-sal, informou o presidente da companhia, José Sergio Gabrielli. "Se nós fizermos (a exploração) com o modelo que nós conhecemos hoje, o volume de investimentos vai ser tão grande, que não é a maneira mais adequada", disse o executivo.

A primeira descoberta na camada pré-sal (o campo de Tupi), foi anunciada em dezembro de 2007 - a jazida está a mais de 6 mil metros de profundidade. Até então, o mais longe que a Petrobras havia chegado era a dois mil metros abaixo d¿água.

Segundo Gabrielli, a definição de como o óleo da nova fronteira petrolífera será extraído da região é "o maior problema" do pré-sal. "Os bancos e a imprensa discutem muito a questão e até dizem a que preço do barril de petróleo a produção no pré-sal será viável. E custo de produção não é limitador para a produção do pré-sal. O maior problema é desenvolver um novo modelo de produção para explorar essas gigantescas reservas", comentou, para completar: "É preciso otimizar o volume de investimentos do pré-sal".

Gabrielli disse que o teste de longa duração que será feito no campo de Tupi, na bacia de Santos, a partir de março de 2009, será essencial para a definição das novas tecnologias de exploração. "Vamos iniciar a produção na bacia de Santos em março de 2009. Vai ser gerado entre 15 e 30 mil barris/dia durante 18 meses. Não é a produção que é importante, mas as informações que nós vamos ter sobre os reservatórios", disse. O executivo afirmou que "tudo isso é novo e só dá para saber mais informações produzindo".

Os testes de longa duração serão feitos a partir das tecnologias usadas hoje na bacia de Campos, na qual os blocos estão situados em águas profundas - no pré-sal as megajazidas estão em águas ultraprofundas. "[Para o teste de longa duração] o modelo de produção da bacia de Campos é absolutamente viável com o preço atual do petróleo, mas se precisarmos de 300 destes projetos eu começo a ter problemas. Portanto, dada esta experiência, vamos montar um novo tipo de produção", garantiu. Segundo ele, as novas tecnologias deverão ser incluídas na produção em 2013 ou 2014.

Por conta da necessidade de desenvolver um novo método de exploração, Gabrielli disse que não é possível dizer se a oferta de gás natural também será ampliada com o pré-sal. "Há diversos desafios logísticos desde como transportar os funcionários até a plataforma até como trazer o gás para a costa", comentou. Os campos do pré-sal estão a mais de 300 quilômetros de distância do continente e, até hoje, também não há tecnologia para instalar um gasoduto submarino deste comprimento.

"Dadas as incertezas que nós temos hoje eu não poderia afirma os volumes que nós vamos ter de produção de gás do pré-sal", afirmou. Gabrielli comentou que, como não há tecnologia para implantar o gasoduto, uma possibilidade que está sendo considerada pela estatal é a de instalar uma planta de liquefação de gás para as unidades produtivas do pré-sal.

"Se nós fizermos uma planta de liquefação flutuante, esse gás não virá por gasoduto para o mercado interno, mas sim será transformado em GNL (gás natural liqüefeito) para ser transportado por navio."

Porém, segundo o próprio presidente, "o gás de GNL dificilmente será usado em determinadas aplicações e, que o gás é necessário." Sobre a revisão do plano de investimentos da estatal, Gabrielli afirmou que "deve sair ainda este ano.".

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Roberta Scrivano)