Título: Mercado de fundos deve crescer 20% no ano que vem
Autor: Rosa,Silvia
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/12/2008, Finanças, p. B1
São Paulo, 10 de Dezembro de 2008 - Apesar da crise no mercado financeiro, a indústria brasileira de fundos tem apresentado uma queda menor do patrimônio quando comparada com os principais mercados mundiais e deve alcançar crescimento de 20% no ano que vem, considerando a rentabilidade dos investimentos, segundo prevê o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) e coordenador da Comissão de Administração de Recursos de Terceiros, Alexandre Zákia.
O mercado de fundos brasileiro apresentou neste ano, até novembro, queda de 2,42% do patrimônio líquido, que somou R$ 1,095 trilhão. Considerando apenas a captação líquida, houve perda de 5,5% do patrimônio somando R$ 62,3 bilhões. Para Zákia, apesar de 2008 ter sido um ano difícil para o mercado de fundos, com aumento da volatilidade dos ativos, a indústria brasileira teve um desempenho melhor que os demais países, em função da situação macroeconômica do Brasil, solidez do sistema financeiro e eficiente regulação e auto-regulação do mercado. "Se compararmos em termos relativos, a queda do patrimônio de 5,5% foi menor que a registrada na crise de 2002, em que essa perda foi de 20%. Para 2009, se considerarmos a rentabilidade da taxa básica de juros mais o crescimento real da economia devemos alcançar um crescimento de cerca de 20%",destaca.
No final do primeiro semestre deste ano, a indústrias de fundos global - considerando os 44 maiores mercados do mundo - apresentou redução de 5,77% no volume total de recursos, que somou US$ 26,64 trilhões, considerando as aplicações, resgates e rentabilidade dos ativos. Mesmo com as turbulências do mercado, a indústria de fundos do Brasil subiu da nona para a sétima posição no ranking mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Luxemburgo, França, Austrália, Irlanda e Reino Unido, de acordo com dados do Investment Company Institute (ICI). "A indústria brasileira perdeu menos patrimônio que mercados como Japão (- 32%), Reino Unido (- 27,5%) e Estados Unidos (- 20%)", diz Zákia.
Ele destaca que no mercado doméstico as maiores perdas ficaram concentradas nos fundos de renda fixa e multimercados, com os investidores buscando ativos de menor risco e produtos mais conservadores como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que tiveram as taxas elevadas com os bancos aumentando a emissão desses títulos para captar recursos. "Para o ano que vem a concorrência com os CDBs deve ser menor, uma vez que a demanda por funding por parte dos bancos deve cair com a queda do volume de financiamentos."
No caso dos fundos de renda fixa, Zákia explica que com a elevação da taxa básica de juros, a marcação a mercado dos títulos prefixados acabou impactando a rentabilidade desses fundos.
Depois de implantar a suitability - que trata do dever da instituição financeira verificar a adequação dos investimentos de acordo com o perfil dos investidores - para clientes do private banking, a Anbid pretende estender em 2009 a sua implantação para o segmento de varejo. A entidade também pretende promover a reclassificação dos fundos multimercados, de acordo com o seu tipo de estratégia.
Segundo o presidente da Anbid, Marcelo Giufrida, a Anbid também estuda mudança nas categorias de fundos renda fixa, que têm aumentado cada vez mais as aplicações em títulos de crédito privado para elevar a rentabilidade das carteiras. Hoje a parcela de crédito privado nas carteiras administradas de recursos de terceiros já ultrapassou o total de exposição em renda variável, superando a participação de 20% do patrimônio.
A associação também criou neste ano uma Comissão de Gestores de Patrimônio Financeiro, que envolve os gestores de fortunas, multi-family offices independentes, com o objetivo de criar padrões de atuação para o exercício da atividade no Brasil. No caso do grupo das multi-family offices, a intenção é elaborar um levantamento desse mercado no País e criar seu próprio código de auto-regulação. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Silvia Rosa)