Título: Preços na China despencam com retração nas commodities
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Fonte: Gazeta Mercantil, 12/12/2008, Internacional, p. A10
Bancoc e Pequim, 12 de Dezembro de 2008 - A China se defronta com grande possibilidade de registrar deflação no ano que vem, num momento em que os preços dos alimentos e commodities despencaram. Isso levará o BC chinês a cortar os juros ainda mais, segundo o Goldman Sachs Group e o JPMorgan Chase.
O gráfico ao lado mostra as taxas de variação até ontem dos índices dos preços ao consumidor (IPC) e dos preços ao produtor (IPP) da China, uma das maneiras de comparar as tendências de custos da indústria de transformação com as do varejo. O IPP cresceu a um ritmo mais lento que o IPC em novembro, pela primeira vez desde abril, segundo dados compilados pela Bloomberg News. O gráfico também mostra o Índice Goldman Sachs China Commodity, que abrange preços no mercado à vista de carvão, aço, alumínio e cobre.
Com a inflação do IPC atualmente em 2,4%, a partir de sua maior alta de 2008 de 8,7%, os opositores a uma nova redução dos juros por parte do Banco Popular da China, o banco central chinês, "perderam seus argumentos", escreveu Yu Song, economista do Goldman Sachs lotado em Hong Kong, em relatório que prevê mais uma redução de dois pontos percentuais da taxa de juros para o ano que vem.
Entre os principais indicadores de que tanto os preços ao consumidor quanto os do produtor vão "resvalar para o campo negativo muito em breve" estão a desaceleração dos custos dos alimentos no varejo e a queda de mais de 30% dos preços do carvão no comparativo mês a mês, disse o relatório.
"Ao contrário de muitos outros países, a disparada dos preços da China, ocorrida anteriormente este ano, se deveu principalmente à escalada dos preços de determinados alimentos, que agora cedeu", disse Jing Ulrich, a presidente de ações chinesas do JPMorgan de Hong Kong, em outro relatório. "Há mais espaço para o BC afrouxar a política monetária, no esforço de evitar uma desaceleração excessiva e de combater a deflação. Prevemos também novas medidas de incentivo na esfera fiscal."
Cupons para desabrigados
A cidade de Chengdu, no sudoeste da China, planeja dar a seus residentes mais pobres vales de compra a fim de ajudá-los no período de festas que se aproxima e estimular o consumo, disse ontem veículos de imprensa locais. Há sete meses, a província de Sichuan, da qual Chengdu é a capital, foi devastada por um terremoto que matou cerca de 80 mil pessoas e deixando milhões de desabrigados.
O governo de Chengdu doará cupons no valor de US$ 14,60 para que mais de 379 mil pessoas gastem em determinadas lojas, disse Chen Xiangjun, subchefe do gabinete de assuntos civis da cidade, citado pelo Serviço de Notícias da China. Os vales terão validade até o fim de janeiro, quando a China comemora o Ano Novo Lunar, o Festival da Primavera.
Ainda que a soma total dos cupons de Chengdu, no valor de US$ 5,51 milhões seja modesta, esse sistema de cupons é visto pelos economistas como uma medida que poderá ser tomadas pelo governo chinês para estimular a economia.
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(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Bloomberg News e Reuters)