Título: Cortes nas emendas
Autor: Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 18/03/2011, Política, p. 2

Uberaba (MG) ¿ Em resposta à insatisfação de deputados com os cortes no orçamento, a presidente Dilma Rousseff (PT) disse que eles terão de ¿esperar¿, pois o contigenciamento de verbas do governo federal atingirão as emendas parlamentares. ¿Estamos publicamente falando que estamos fazendo um contingenciamento de R$ 50 bilhões. Eu manterei esse contingenciamento. Agora, ao mesmo tempo estamos reajustando o Bolsa Família¿, afirmou ontem em Uberaba, onde assinou protocolo de intenções para construção de fábrica de amônia e gasoduto.

Irritada com a pergunta de jornalistas sobre a cobrança de mineiros por recursos para o estado, ela afirmou que não voltará atrás nos cortes. ¿Emenda parlamentar não é só para Minas Gerais (que será cortada), mas para todo mundo. E vão ter que esperar¿, comentou. Em oposição aos cortes, ela destacou frentes de investimento do governo, como a distribuição de remédios para a população diabética e hipertensa. Deputados federais da oposição e do governo, como Paulo Piau (PMDB-MG) e Marcos Montes (DEM-MG), marcaram presença no evento. No entanto, o clima não foi de cobranças, mas sim de buscar holofotes como pais políticos das obras anunciadas.

Em seu discurso, Dilma aproveitou também para ¿cutucar¿ aqueles que defendem controle de inflação por meio de ¿freios no crescimento econômico¿. ¿Controla-se a inflação também fazendo o país crescer, aumentando a oferta de bens e serviços¿, afirmou. Ao comentar o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas em 2010, com crescimento de 10,9%, Dilma disse que a expansão deve ser constante. ¿Isso ajuda muito o Brasil (o desenvolvimento de Minas). Mas não queremos um crescimento de voo de galinha, quando se cresce muito em um ano e no outro ano, não. Vai ter ano em que vamos crescer mais, mas temos que garantir um patamar mínimo.¿

José Alencar Ainda falando sobre desenvolvimento econômico, Dilma citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). ¿Não seremos um país rico, se a gente achar que um país rico pode ser rico para alguns e pobre para outros, ou para a grande maioria. A grande percepção que Lula nos deixou foi de que o país tem uma riqueza, que são seus 190 milhões de brasileiros. Tiramos uma parte muito grande deles da pobreza. Tirar o restante é uma exigência social, mas é também uma exigência econômica. Um país é medido pelo seu mercado consumidor¿, disse, acrescentando que aqueles que saem da pobreza se tornam ¿indutores¿ do crescimento por fazer ¿a roda da economia girar¿.

A presidente também fez questão de destacar a atuação do ex-vice-presidente José Alencar para a construção da fábrica de amônia e gasoduto em Uberaba. Segundo Dilma, houve época em que ele ligava ¿todo dia¿ para conversar com ela sobre as obras. Ela afirmou ainda que, se pudesse, Alencar estaria lá. No entanto, como está se tratando do câncer, mandou uma carta de agradecimento pelo convite. ¿Essa admirável conquista se deve ao empenho e dedicação com que se dedicaram à causa a presidente e o governador Anastasia¿, escreveu. (AA)