Título: Corrida à vaga de Ubiratan
Autor: Iunes, Ivan ; Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 18/03/2011, Política, p. 4

Pelo menos quatro deputados federais decidiram antecipar a disputa pela vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), disponível a partir de junho com a aposentadoria compulsória do ministro Ubiratan Aguiar. Os parlamentares começaram a caça de votos desde já para tentar garantir um emprego vitalício, que rende R$ 26 mil por mês, viagens e moradia custeadas pelo poder público. Átila Lins (PMDB-AM), Sandes Júnior (PP-GO), Sérgio Carneiro (PT-BA) e José Rocha (PR-BA) cobiçam o posto do TCU enquanto partidos disputam cargos no segundo escalão do governo.

Até junho, cada partido deve definir o nome do indicado para o posto. O escolhido será definido por votação, em plenário. Entre os concorrentes, há reincidentes na disputa, como Lins. O deputado amazonense perdeu a disputa contra o próprio Ubiratan Aguiar, em 2001, por 196 a 163 votos. Dez anos depois, tenta novamente alcançar o posto.

Como a vaga de Aguiar pertence à cota da Câmara, os deputados serão responsáveis pela escolha do novo ministro ¿ o que traz chances remotas de a escolha recair sobre servidores de carreira do tribunal. Devido à estabilidade do cargo, o posto costuma ser cobiçado por parlamentares sob risco de fuga de votos ou veteranos de parlamento. ¿A escolha é da Câmara e não abriremos mão disso. Coloquei meu nome à disposição do partido, mas a definição só deve sair no segundo semestre¿ afirma Júnior.

Contraponto A disputa dos parlamentares vai na contramão da proposta dos servidores do tribunal. A União dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar) organizou a ¿eleição¿ de um nome para ser enviado à Câmara. Hoje será divulgado o resultado do primeiro turno: 23 candidatos foram confirmados. Os cinco mais votados irão ao segundo turno, previsto para começar no dia 28. Todos os escolhidos são da área de controle externo e atuam em tribunais de contas. Entre as indicações iniciais que, no entanto, não foram confirmadas estavam a ex-senadora Marina Silva, que disputou à Presidência da República; Cláudio Abramo, da ONG Transparência Brasil; juízes e alguns parlamentares, como o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), os senadores Pedro Taques e Demostenes Torres. Eles não demonstraram interesse no posto.

¿O nosso principal objetivo é que o tribunal tenha um corpo de ministros mais heterogêneo, sem tantas indicações políticas¿, afirma a presidente da Auditar, Bruna Mara Couto, citando como exemplo a composição mista dos tribunais superiores. ¿Embora hoje os auditores substitutos sejam da carreira, isso não exclui a possibilidade de a sociedade ajudar a escolher o ministro.¿

Os auditores tentam ¿vender a ideia¿ entre alguns parlamentares na esperança de apoio. Afinal, o ¿eleito¿ precisará do crivo de um partido para participar da disputa na Câmara. ¿Estamos mobilizando os parlamentares para que apoiem a iniciativa¿, diz, completando que os candidatos precisam atender, por exemplo, aos requisitos estabelecidos na Lei da Ficha Limpa, aprovada ano passado. Além dos deputados em campanha, Ana Arraes (PSB-PE) foi citada como um dos possíveis nomes, assim como o ex-deputado José Genoíno (PT-SP), escalado como assessor do ministro da defesa, Nelson Jobim.