Título: Rotatividade poderá aumentar, diz Pochmann
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/12/2008, Brasil, p. A6

30 de Dezembro de 2008 - No próximo ano as relações entre capital e trabalho serão mais tensas do que foram em 2008, ano em que as condições estavam mais favoráveis, especialmente porque as empresas acumularam resultados bastante positivos, a inflação praticamente vai fechar dentro da meta, e houve ganhos para uma série de categorias. Essa é a avaliação de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (IPEA).

Para o economista, o cenário do mercado de trabalho para 2009 é de aumento do emprego formal, concomitante a um aumento do desemprego geral e da informalidade. Como o emprego depende basicamente do nível de atividade, há uma divergência imensa em relação ao que pode ocorrer no ano que vem, explica Pochmann. Ele destaca que existem desde avaliações muito positivas, que consideram 4% de crescimento para o País, e outros que falam até em recessão.

De todo modo, o economista considera que em 2009 deve haver elevação do emprego formal no Brasil, mas em ritmo menor, e esse aumento será insuficiente para evitar o desemprego. Entretanto, ele avalia que o País não vai parar de investir e criar empregos, e se o setor privado tiver dificuldades. A rotatividade no trabalho é outro fator que deverá crescer, considera Pochmann, pois haverá demissões de gente com maior salário, e contratação de trabalhadores com menor salário. Esse fenômeno pode até, por um efeito estatístico, aumentar o rendimento do trabalhador em 2009, salienta o presidente do IPEA. Ele considera que a ampliação do seguro desemprego é uma medida importante para auxiliar aqueles que serão demitidos, "porque evita a queda de remuneração dos que estão desempregados".

Por outro lado, Pochmann trabalha com a perspectiva do governo adotar um programa mais ousado em termos de emprego. "O que temos hoje em atuação contra o desemprego, de maneira geral, são proposições de caráter mais passivo, como o seguro desemprego, o programa de intermediação de mão-de-obra, e os programas de qualificação profissional, que são todos importante". Mas ele pensa que o Brasil poderia ter um comportamento mais ativo, "introduzindo o programa Emprego Garantido, com a possibilidade de combinar ações de exercício do trabalho com qualificação".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(B.V.)