Título: Movimento sindical deve acirrar luta por mais emprego e renda
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/12/2008, Brasil, p. A6

São Paulo, 30 de Dezembro de 2008 - O ano de 2009 promete ser bastante agitado, por ser ano pré-eleitoral e também o período em que a crise econômica internacional deve atingir seu ápice. Restrita inicialmente ao mundo financeiro, a turbulência agravada em setembro começou a atingir a economia real com velocidade acelerada, e em novembro o emprego formal caiu no Brasil, pela primeira vez para o mês no governo do presidente Lula, que assumiu em 2002. Com a perspectiva de desemprego, a pauta dos sindicatos deverá mudar no próximo ano, quando as causas salariais devem ganhar destaque, em detrimento das causas sociais.

Para o senador Paulo Paim (PT-RS) o movimento sindical vai passar por um crescimento em 2009, e a pauta de reivindicações deverá ficar mais específica. "Discussões mais amplas, sobre defender ou não a reforma política ou econômica, tendem a desaparecer", avalia Paim, considerando que estes temas perderão espaço para assuntos como redução de jornada, questões envolvendo a previdência, como o benefício aos aposentados. "Se o desemprego aumenta, de forma direta ou indireta as pessoas são incentivadas a se aposentarem, pois se agarram ao que podem", destaca o senador.

Neste sentido, ele destaca como positiva a proposta de estender o seguro desemprego dos atuais seis meses para um ano, "como forma das pessoas manterem a renda e movimentarem a economia". A liberação mais fácil do fundo de garantia é outra questão que deverá ser mais fortemente refletida na pauta dos sindicatos, considera Paim.

A exemplo do senador Paulo Paim e de sindicalistas, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi também defende a expansão das parcelas do seguro desemprego para o trabalhador _ mesmo que seja em menor magnitude. O ministro sugere que o funcionário demitido poderia receber as parcelas de seguro desemprego durante sete meses, caso o índice de desemprego no Brasil acelere em decorrência dos impactos da crise financeira mundial no mercado de trabalho nacional. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a medida teria que ser tomada pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que regulamenta o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Já Artur Silva, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia que a ampliação do seguro desemprego é positiva, mas considera que o foco da atuação sindical em 2009 deve ser a geração de emprego e renda. "Na agenda da crise, o melhor remédio é o emprego", afirma. Ele avalia que as demais causas sociais devem ficar em segundo plano, pois a preocupação das entidades envolvidas com a CUT será "priorizar a campanha no centro da crise".

Silva espera, no próximo ano, uma rápida tramitação de projetos que envolvam redução de jornada sem diminuição de salários, e retirada da pauta de projetos que "não interessam à classe trabalhadora", como a flexibilização dos direitos trabalhistas por seis meses, a ampliação da terceirização, a suspensão do pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), dentre outros.

O dirigente também salienta que no próximo ano os sindicatos pressionarão os governos estaduais e municipais, "porque eles também tem responsabilidade na questão da geração de emprego e renda". Mas o dirigente quer estados e municípios utilizem recursos próprios, "sem utilizar o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A manutenção dos investimentos públicos será uma das tônicas do discurso do presidente da CUT em 2009. Ele argumenta que o enfrentamento da crise passa pela manutenção de políticas sociais, somadas ao desenvolvimento de políticas de investimento, principalmente nos setores de construção civil e infra-estrutura.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Bruno De Vizia - Colaborou Viviane Monteiro)