Título: Exportadores devem enfrentar um ano difícil, afirma Barral
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/01/2009, Brasil, p. A4

Brasília, 5 de Janeiro de 2009 - Os exportadores devem ser preparar para um ano difícil em 2009. A retração da demanda mundial provocada pela crise financeira e as oscilações das cotações das commodities serão obstáculos consideráveis à manutenção da competitividade no mercado externo. Embora os reflexos da crise tenham afetado a balança comercial em novembro, o governo pretende tentar, pelo menos, manter neste ano a quantidade exportada em 2008, que totalizou 468,9 milhões de toneladas.

O secretário de comércio exterior, do Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, evitou fazer previsões para o resultado de 2009 por conta das incertezas em relação aos preços das commodities agrícolas e do petróleo, que despencaram em decorrência da crise. "Ainda não sabemos como os preços desses produtos vão se comportar", afirmou.

Apesar da cautela em relação a projeções, Barral concordou com a opinião de analistas de mercado que apostam na queda das exportações brasileiras em 2009, sobretudo no primeiro semestre, quando os efeitos da crise serão mais nítidos. "As previsões são de que o primeiro semestre de 2009 será muito ruim para todo mundo, com perspectiva de recuperação no segundo semestre do ano", diz Barral.

O vice-presidente da Associação dos Exportadores do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, acredita que os embarques brasileiros devem cair em volumes superiores a US$ 20 bilhões em relação aos valores apurados em 2008, quando a queda nas importações superaram US$ 15 bilhões. As previsões oficiais da AEB serão anunciadas nesta terça-feira.

Medidas de incentivo

O secretário defendeu a adoção de novas medidas de incentivo ao setor exportador para que o Brasil mantenha em 2009 a mesma quantidade exportada entre 2007 e 2008. Nesses últimos dois anos, o volume exportado respectivo foi de 461,6 milhões e 468,9 milhões toneladas.

Entre as possíveis medidas de incentivo, Barral citou reduções da carga tributária e de custos logísticos dos produtos exportados, para melhorar o ambiente exportador nacional. Ele recomendou ainda que os exportadores brasileiros passem a usar a criatividade e diversificar a pauta de exportação para melhorar a competitividade no mercado externo.

"A situação será difícil para todos os países, mas deve piorar ainda mais para os desenvolvidos. Por isso os exportadores terão que se voltar mais para os países em desenvolvimento", afirmou Barral, durante o anúncio , na sexta-feira, dos resultados da balança comercial brasileira.

Em dezembro, o governo registrou superávit de 2,301 bilhões na balança comercial , valor 42,6% superior em relação aos US$ 1,613 bilhão apurados em novembro de 2008 e 36,8% abaixo do resultado obtido em dezembro de 2007.

No último mês de 2008, os embarques brasileiros somaram US$ 13,818 bilhões, queda de 2,9% em relação a igual período do ano anterior. As importações totalizaram US$ 11,517 bilhões, 8,7% a mais, na mesma comparação.

As exportações das três categorias caíram, tanto sobre novembro quanto dezembro de 2007. As vendas dos produtos básicos, sobretudo de commodities, caíram 11,6% na média diária, e atingiram US$ 4,7 bilhões em relação a 2007. As vendas externas de manufaturados declinaram 8,8%, e ficaram em US$ 7,2 bilhões. As dos semimanufaturados reduziram-se em 8,6% e totalizaram US$ 1,5 bilhão.

Superávit comercial

O resultado de dezembro contribuiu para que o saldo comercial fechasse todo o ano de 2008 com superávit de US$ 24,735 bilhões, o menor registrado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O resultado é 38,2% menor que os US$ 40,032 bilhões apurados no ano anterior.

No ano, as exportações somaram US$ 197,942 bilhões, abaixo da meta de US$ 202 bilhões divulgada em setembro, mês em que o governo revisou a projeção anterior que era de US$ 190 bilhões. Ainda que as exportações brasileiras tenham ficado abaixo do previsto para o ano, os embarques renderam ao Brasil 23,2% mais sobre 2007. As importações somaram US$ 173,207 bilhões, 43,6% maior na comparação com 2007.

O secretário de comércio exterior afirmou que, embora os preços das commodities tenham caído em 2008, as cotações permaneceram em patamares superiores ao observados em 2007. Segundo Barral, grande parte da perda de preço das commodities foi compensada pela disparada do dólar ante o real, cuja variação atingiu 48,5% entre agosto e dezembro. "Só não deu para recuperar a queda do preço do petróleo que atingiu 60,1% no mesmo período", disse.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Viviane Monteiro)