Título: Lacerda anuncia investimentos de R$ 1,5 bi
Autor: Guimarães,Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/01/2009, Brasil, p. A8

Belo Horizonte, 5 de Janeiro de 2009 - O prefeito de Belo Horizonte, Márcio de Araújo Lacerda (PSB), 62, promete investir já no primeiro ano de seu mandato a quantia de R$1,5 bilhão. Desse total, R$ 500 milhões serão recursos próprios. O governador Aécio Neves (PSDB) prometeu liberar no mínimo R$ 40 milhões e o restante virá de repasses federais e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

"Vamos divulgar em breve um edital para uma pareceria público privada que viabilizará a ampliação do metrô da capital mineira. Será investimento de R$ 3 bilhões e que poderá ser ampliado com a construção de um trem suburbano até a cidade de Betim", assinala em entrevista a este jornal o prefeito, que tomou posse no cargo na última quinta-feira. Na lista de prioridades está também o controle de gestão.

A idéia é criar uma estrutura ligada diretamente ao gabinete do prefeito que fará o controle da gestão municipal. O estilo gerencial de Lacerda contempla ainda o BH - Metas e Resultados para acompanhar em detalhes o andamento de cada setor do governo local."Cada secretário, por exemplo, assinará um compromisso de execução de metas a cada seis meses", diz o prefeito.

Até meados de fevereiro estará concluído o plano de curto prazo, para ser executado nos seis meses seguintes. Ao final de abril, estará pronto o plano de gestão para os próximos 20 anos, de cuja confecção irão participar agentes externos, como entidades e especialistas. O plano de seis meses contempla medidas que irão gerar resultados não só em seis meses mas também nos quatro anos da minha gestão. Alguma medidas já foram tomadas, com a seleção de 70 terrenos que serão desapropriados para a construção de escolas de educação infantil.

Cauteloso por causa do impacto da crise econômica nas receitas municipais, Lacerda fará já neste mês um colchão de reservas financeiras para as despesas mais urgentes e cobertura de imprevistos. "Sou um administrador conservador", acentua. Outra providência que ele promete adotar de imediato é desburocratizar o relacionamento do governo municipal com o empresariado, por meio de licenciamentos mais rápidos para a construção de obras e alvarás ambientais. "Se a prefeitura não se relacionar de forma amigável com o setor privado, as empresas vão investir em outros lugares", afirma.

O foco na atração de novos investimentos continuará nas áreas onde a capital mineira é forte: construção civil e tecnologia da informação.

Na opinião dele, o grande vencedor da campanha eleitoral que o elegeu foi o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), ao bancar contra a vontade de boa parte dos petistas a aliança com o governador tucano Aécio Neves."Nas grandes capitais onde o PT não fez aliança, saiu derrotado", lembra. il."

A seguir, os principais temas da entrevista concedida a este jornal, horas antes de assumir a prefeitura de Belo Horizonte.

Investimentos

"Vamos investir R$1,5 bilhão neste ano, dos quais R$500 milhões com recursos próprios. O governador Aécio Neves prometeu um investimento mínimo de R$ 40 milhões e o restante virá de repasses federais e do Bid. No início do próximo ano colocaremos na rua um edital para uma pareceria público privada que será a ampliação do metrô da capital mineira. Será investimento de R$ 3 bilhões e que poderá ser ampliado com a construção de um trem suburbano até a cidade de Betim. Além dessa obra gigantesca, há o `Corta caminho¿ que exigirá R$ 3 bilhões em 148 intervenções viárias para melhorar o trânsito e mais um corredor exclusivo de ônibus no qual serão investidos R$ 400 milhões. Há também muitas obras nos setores social, de educação e saúde.

Finanças municipais

"Nosso orçamento é de R$ 6,2 bilhões, em 2009, mas certamente não será alcançado, por conta da crise financeira internacional. Mas a situação da prefeitura é muito boa. A nossa dívida de curto prazo é a folha de pagamentos de janeiro, que será coberta com a maior facilidade com o pagamento do IPTU. Os salários estão em dia. A dívida fundada é de R$ 1,1 bilhão, que resulta no serviço de dívida e amortização anual no valor de R$ 200 milhões. Caso façamos uma rolagem, a prefeitura terá uma capacidade de pegar mais R$ 3 bilhões em empréstimos, dos quais R$ 60 milhões já foram autorizados pela Câmara Municipal. Sou um administrador conservador e já a partir de janeiro iremos fazer um colchão de reservas financeiras para as despesas urgentes ou imprevistas."

Atração de investimentos

"A primeira coisa que o prefeito precisa fazer é desburocratizar seu relacionamento como o empresariado, por meio de licenciamento mais rápidos para a construção de obras e alvarás ambientais. Caso as atuais taxas reduzam a competitividade da cidade, elas serão alteradas. Tenho consciência de que, caso a relação com os empresários não seja amigável, eles irão investir em outro lugar."

Política industrial

"Não existem grandes áreas na capital mineira para a instalação de gigantescos empreendimentos industrias. Por isso nos concentraremos em atividades nas quais já somos fortes, como a construção civil e na tecnologia de informações. Belo Horizonte é o segundo maior pólo brasileiro em número de mestres e doutores em tecnologia da informação. A Google tem um escritório de desenvolvimento de produtos na capital mineira que é dos maiores do mundo. A cidade detém, ainda, um vigoroso parque de engenharia de projetos sobretudo na área de mineração e siderurgia. No caso dos grandes projetos vamos atraí-los para as cidades da região metropolitana pois de alguma forma seremos também beneficiados."

Partilha de cargos

"Fui eleito por uma coligação de 14 partidos. Claro que os partidos querem cargos, mas eles já foram contemplados há muitos anos, com alianças que vem desde o tempo do ex-prefeito Hélio Garcia. De certo, foram excluídos os membros do PC do B que preferiram apoiar o meu adversário. Os sete administradores regionais ainda não foram escolhidos pois esses locais são centros de disputa política pequena, visando as eleições seguintes para vereador. Vamos escolher pessoas que tenham o compromisso de não se candidatarem nos quatro anos seguintes e que atendam igualitariamente a todos, independente da cor partidária."

O futuro de Pimentel

"O ex-prefeito foi um grande vencedor com sua proposta de aliança com o governador Aécio Neves. Nas grandes capitais onde o Partido dos Trabalhadores não fez aliança, saiu derrotado. Perdeu em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador. Isso é o fundamental. Pimentel aguarda definições do Presidente Lula e caso nada ocorra, de imediato, ele voltara a dar aulas na Escola de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais. Acredito que ela irá assumir o Conselho de Desenvolvimento Econômico, que foi chefiado por Tarso Genro, até sua ida para o Ministério da Justiça. No momento o cargo está nas mãos do ministro José Múcio, que o acumula com o de Relações Institucionais."

Aliança PT-PSDB

"Aqui em Belo Horizonte, a despeito da enorme quantidade de partidos na coligação o PT segue amplamente majoritário na composição do quadro de auxiliares. Os petistas continuam com as secretarias da Fazenda, de Obras e Educação, que são importantíssimas. Os tucanos ganharam, até agora, apenas a Secretaria de Saúde. Além disso fiz algumas indicações pessoais, como o Secretário de Governo, que é Josué Valadão, um técnico brilhante com quem trabalho há anos."

Estilo gerencial

"Iniciaremos já nesta segunda feira, dia cinco, um extenso seminário de planejamento estratégico. Até 15 de fevereiro estará concluído o plano de curto prazo, para ser executado nos seis meses seguintes. Ao final de abril, estará concluído o plano de gestão para os próximos 20 anos, de cuja confecção irão participar agentes externos, como entidades e especialistas. O plano de seis meses contempla medidas que irão gerar resultados não só em seis meses mas também nos quatro anos da minha gestão. Alguma medidas já foram tomadas, com a seleção de 70 terrenos que serão desapropriados para a construção de escolas de educação infantil."

Controle de gestão

"Vamos criar uma estrutura forte, ligada diretamente ao gabinete do prefeito que fará o controle da gestão municipal e será chefiada pela técnica Beatriz Góes, com quem trabalho há muitos anos. Essa atividade terá o nome de BH - Metas e Resultados e acompanhará detalhadamente a atividades dos gestores. Cada secretário, por exemplo, assinará um compromisso de execução de metas a cada seis meses."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Durval Guimarães)