Título: Em 2003, lucro líquido das 500 maiores foi o melhor desde 1989
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/09/2004, Indústria & Serviço, p. A-11

O resultado das 500 maiores empresas abertas - um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - mostra que o lucro líquido agregado alcançou, em 2003, R$ 61,2 bilhões, o maior desde 1989. É verdade que cerca de 30% desse total equivale à participação da Petrobras - primeira colocada no ranking da FGV -, mas a rentabilidade média de 11,3% do conjunto das 500 maiores evidencia o bom resultado da maior parte das empresas. Tanto que foi a rentabilidade mais elevada desde 1989, quando atingiu 11,7%.

A relação da FGV, feita com base nos balanços divulgados em 2003, apontou a Petrobras na liderança, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos anos, seguida da Telemar. Em terceiro vem a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que também ganhou o prêmio Excelência Empresarial; em quarto a Telefônica (em 2002 ocupava o terceiro lugar); em quinto a Eletrobras. Na seqüência estão a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que saiu do décimo para o sexto lugar de um ano para o outro; Brasil Telecom, AmBev, Brasken e Pão de Açúcar, formando o conjunto das 10 maiores que se destacaram no desempenho econômico e financeiro, no ano passado.

Os números são relevantes, principalmente por se tratar de um ano de fraco desempenho da economia. Mas os técnicos do Ibre observam que parte do cenário favorável está ligado à valorização cambial e à redução de juros sobre o estoque da dívida das empresas. Ou seja, um ajuste que tem pouca relação com questões operacionais, como, por exemplo, o crescimento de vendas. Tanto que houve uma queda de 2,1% da receita real, deflacionada pelo IGP-DI, apesar do aumento nominal de 20,3%.

O levantamento da FGV também revelou uma queda no endividamento das empresas. A combinação do crescimento no segundo semestre do ano passado, com o afrouxamento da política monetária, o nível de endividamento das 500 maiores companhias abertas caiu de 146% do patrimônio líquido, em 2002, para 134%, no ano seguinte, em média. Foi a primeira redução da dívida desde o início do Plano Real.

Destaque para os exportadores

A análise feita pela FGV revela que os setores exportadores, mais uma vez, tiveram destaque relevante no resultado final, em 2003. Um dos exemplos é o setor metalúrgico, cujo faturamento aumentou 2,3% em termos reais, em função da combinação de preço e da alta demanda externa. A rentabilidade do setor ficou em 26,4%, uma das mais elevadas do País e bem superior à média internacional.

Em contrapartida, os segmentos industriais voltados para o mercado interno amargaram resultados negativos, por depender do crescimento de renda do emprego doméstico. O setor de construção civil, por exemplo, foi um dos mais atingidos com essa situação. A rentabilidade, no ano passado, foi negativa em 7,4%.